O comportamento dos preços dos alimentos voltou a determinar o rumo da inflação na capital paulista em 2008, que fechou com 6,16% de alta. Mesmo pressionado pelo aumento de preços do arroz, da energia elétrica e do aluguel, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo contou com o ajuste de baixa no preço do feijão.
“É uma inflação em níveis confortáveis. O Banco Central não vai ter que se explicar ao Senado”, diz Antonio Comune, coordenador do índice da Fundação Instituto de Pesquisas Econômica (Fipe), lembrando que a previsão da entidade para o IPC era de alta entre 6,30% e 6,40%.
Segundo os dados da Fipe, embora o feijão tenha tido momento de forte alta ao longo de 2008, fechou o ano como herói ao somar retração de 34,95% no ano e evitar que a inflação paulistana encerrasse acima de 6,5%, que é o teto da meta do governo para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na ponta oposta, considerando a ponderação do índice e o respectivo peso dos produtos no orçamento familiar, o arroz deu contribuição importante para a inflação, com alta acumulada de 32,90%, acompanhado pelo preço da energia elétrica, que avançou 9,21% de janeiro a dezembro de 2008, e do aluguel, que teve aumento de 4,82% no ano passado, maior variação desde 1997.
Assim, os preços dos grupos Alimentação (+9,01%) Habitação (+5,39%) foram determinantes para o desempenho do indicador no ano passado. Neste último caso, a aceleração foi firme perante 2007, quando a alta foi de 0,28%. Já Alimentação arrefeceu o passo depois de subir 12,73% em 2007.
Na avaliação de Comune, também vale registro o efeito da melhora de renda e de emprego sobre os preços do grupo Despesas Pessoais, que fechou 2008 com alta de 7,65%, acima dos 4,14% e com a maior variação desde 2003. Como exemplo de preços que ficaram acima da inflação do IPC o coordenador cita o valor do ingresso para partidas de futebol, que ficaram 39,44% mais caros na capital paulista. Os preços pagos por serviços em academia de ginástica e com animais de estimação aumentaram 8,85% e 12,70%, respectivamente, em 2008.
A aceleração em todos esses exemplos tem a ver com o aumento da renda disponível para esse tipo de consumo.
Nos produtos de Vestuário, a inflação também avançou, para 4,41% em 2008, depois de uma retração de 0,56% no ano anterior. Além da pressão gerada pelo aumento da demanda, os preços também foram afetados pela valorização do dólar e pelo aumento dos custos com mão-de-obra.
Outros grupos como Saúde, Educação e Transportes tiveram desempenho bem mais discreto e sem destaques relevantes de alta ou de baixa. Saúde acelerou a alta de 5,72% em 2007 para 6,42% no ano passado; Educação passou de 4,22% para 5,31% e Transportes avançou para 3,34% em 2008 depois de ter subido 2,87% no ano anterior.