Mais uma vez a tentativa de acordo entre os credores e o grupo Frialto terminou sem uma definição. "O motivo desta vez foi a solicitação por parte dos bancos de mais tempo para discutir a proposta apresentada pelo Frialto. Uma solicitação que foi aceita por 98% dos presentes", explicou o assessor jurídico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Armando Biancardini Candia. A nova assembleia foi transferida para o dia 2 de dezembro, às 9 horas, no Amazon Centro de Eventos, em Sinop.
A proposta apresenta pelo Frialto não teve nenhuma novidade substancial para o pecuarista. A oferta é de pagamento à vista de até R$ 25 mil, e dividido de forma escalonada o restante da dívida em até 5 anos. "Não nos sentimos contemplados com a proposta apresentada pelo frigorífico. A proposta dos pecuaristas e da Acrimat continua sendo a de pagamento à vista de R$ 100 mil e o saldo devedor dividido em 24 parcelas de no mínimo R$ 5 mil cada uma", disse o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.
Ele ainda ressaltou que os bancos precisam entender que boi não nasce em caixas eletrônicas e que por isso é necessário trabalhar em conjunto para que se possa encontrar uma solução. "Sabemos da importância dos bancos numa negociação como esta, mas eles precisam entender que sem boi o frigorifico não funciona e por isso a melhor saída é o trabalho em conjunto, em harmonia".
O número de credores participantes dessa segunda tentativa foi menor do que a primeira Assembleia Geral de Credores realizada no dia 21 de outubro. Estiveram presentes 60,57% da classe I que são dos trabalhadores, sendo que na assembleia passada o registro foi de 73,03% dos credores; a classe II denominada Garantia Real, formada pelas instituições financeiras, estiveram novamente com 100% dos representantes; e na classe III (Quirografários) onde estão os pecuaristas, a queda foi de quase 20%, com registro de 51,5% dos credores, contra 71,57% da passada. No total, 72,72% do crédito devido estavam representados e desses, 98% aprovaram a suspensão da AGC.
Proposta
Os Credores Estratégicos serão pagos da seguinte forma: no prazo de até 5 dias da homologação judicial do Plano, cada credor estratégico (pecuaristas) cujo crédito não seja superior a R$ 25 mil será pago integralmente; no prazo de até 35 meses após o término do prazo estipulado, haverá o pagamento integral dos credores estratégicos pecuaristas e freteiros cujo crédito seja superior a R$ 25 mil; no prazo de até 59 meses haverá o pagamento integral dos demais Credores Estratégicos cujo crédito seja superior a R$ 25 mil. Os Credores Estratégicos não poderão de qualquer forma cindir ou abrir mão de parte de seus Créditos com o objetivo de se beneficiar do limite de valor de R$ 25 mil. Para o cômputo do limite de valor de R$ 25 mil, o crédito de cada um dos credores estratégicos será considerado com um todo único e indivisível, e não serão levadas em consideração eventuais cessões de parte de crédito ou qualquer outra forma de cisão do Crédito original.
Dívida
São 1.203 pecuaristas credores de 12 Estados de R$ 95.041.779,12. A maior parte dessa dívida é com os pecuaristas de Mato Grosso, que corresponde a 50,37% do débito com R$ 47.874.301,27 a receber por parte de 49,37% dos credores, totalizando 594 pecuaristas, divididos em 37 municípios.
A divida com os demais Estados é a seguinte: Rondônia (RO) R$ 18.083.374,27 e 296 credores; Mato Grosso do Sul (MS) R$ 14.612.175,51 e 202 credores; Pará (PA) R$ 5.305.803,00 e 66 credores; Paraná (PR) R$ 3.443.563,42 e 21 credores; São Paulo (SP) R$ 3.875.460,03 e 18 credores; Minas Gerais (MG) R$ 135.186,17 e 2 credores; Santa Catarina (SC) R$ 678.463,01, e 1 credor; Goiás (GO) R$ 611,707,06 e 1 credor; Amazonas (AM) R$ 337, 069,81 e 1 credor; Maranhão (MA) R$ 46.732,17 e 1 credor; e Rio Grande do Sul (RS) R$ 37.943,40 e 1 credor.
Recuperação
A empresa protocolou o pedido de recuperação judicial na Comarca de Sinop, no dia 24 de maio. O grupo possui oito unidades de abates em cinco estados (MT, MS, RO, SP, GO). Em Mato Grosso são três plantas, localizadas em Nova Canaã do Norte, Matupá e Sinop, e uma planta em construção em Tabaporã. A dívida total do Frialto é de R$ 564 milhões.