A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é "completamente contra" a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que está sendo discutida com outro nome: Contribuição Social da Saúde (CSS). A afirmação foi feita hoje (5) pelo novo presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, depois da reunião de Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), em São Paulo.
De acordo com a assessoria da CNI, Robson Andrade disse que a entidade não apoio a proposta. "Somos completamente contra a recriação da CSS ou CPMF, porque isso não resolve o problema da saúde. Acho que, antes de pensar em novas receitas, temos de pensar na melhoria da gestão."
Segundo ele, a proposta está na "contramão" daquilo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente eleita, Dilma Rousseff, têm falado sobre a redução da carga tributária. O dirigente da CNI adiantou que o empresariado já está se mobilizando para contestar a intenção de se lançar mais um tributo.
"Vamos mostrar que esse não é o caminho. O governo tem de explicar primeiro para a sociedade como é gasto o recurso que ele arrecada. Quanto é gasto na atividade fim e quanto é perdido na burocracia", disse Robson Andrade. Na iniciativa privada, assinalou, a empresa que tem problema de competitividade busca saída na redução dos custos e não no aumento de preços dos produtos.
Quanto à questão cambial, Robson Andrade defende novas medidas para conter a valorização do real e garantir mais competitividade às exportações brasileiras. Além do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que está em 6%, ele cita também a cobrança de Imposto de Renda (IR) nas aplicações de estrangeiros e quarentena sobre os recursos externos de curto prazo. Para ele, o período de permanência do dinheiro aplicado por estrangeiros no país pode ser superior a 40 dias.
"Temos de achar medidas para controlar a aplicação especulativa, tributando-a de tal modo que o diferencial de ganho não seja tão grande como é hoje", afirmou o presidente da CNI. Como exemplo, ele disse que o investidor internacional capta recursos nos Estados Unidos a taxas próximas de zero e tem retorno anual de 10% a 12% no Brasil, além do eventual ganho com a valorização do real. "Podemos, pois, tributar esses recursos ou criar uma quarentena."