A falta de hidrovia encarece o escoamento da produção de Mato Grosso. O sistema hidroviário é o meio mais adequado para que o Estado consiga manter os altos índices de exportação de grãos, segundo o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Teixeira Mendes. Ele ressalta que o modal, cujo meio de transporte tem apenas 7% de participação no escoamento da produção brasileira, deve ser implantado em Mato Grosso em caracter de urgência. Ele avalia que a região sofre com as péssimas condições das rodovias, sendo um dos motivos que destaca Mato Grosso com o frete mais caro do País.
De acordo com dados da Anec, cerca de 70% da safra é movimentada por caminhões a um custo de R$ 230 a tonelada de soja, considerando o embarque de 10,1 milhões de toneladas de oleaginosa somente no ano passado. Na comparação com o estado de São Paulo, onde o frente é de R$ 67 por toneladas, a diferença é de 243%. Com relação a Mato Grosso do Sul, a disparidade é de 100%. No estado vizinho frete médio é de R$ 115 a tonelada.
Mato Grosso,que é o maior produtor de soja do Brasil, exporta 80% da produção pelos portos de Vitória, Santos, Paranaguá e São Francisco do Sul. Mendes lembra que a distância entre os portos influência a composição do preço do frente. De Sorriso, principal pólo produtor de soja do Estado, até Santos, no litoral paulista, são 2,1 mil quilômetros (km) de distância; até Paranaguá, 2,2 mil km; e até Vitória, 2,5 mil km.
Mendes diz que a implantação das hidrovias Teles Pires/Tapajós e Tocantins/Araguaia contemplaria de forma decisiva para o escoamento da produção mato-grossense. “É mais rápido, mais seguro e mais barato para o setor produtivo”. Além disso, ele afirma que a viabilidade da hidrovia atenderia as exigências da moratória da soja – situação em que empresas se comprometem a não comprar grãos produzidos em áreas desmatadas. “O meio hidroviário é menos evasivo”.
Conforme o diretor-geral da Anec, a maioria da safra mato-grossense é exportada pelos portos do Sul, quando a lógica seria escoar pelos terminais da região Norte. Ele explica que pelas rodovias a maior parte da produção do Estado é direcionada para Santos por isso o porto se mantém congestionado. Ele lembra que há 2 anos a fila de espera no Porto de Santos chegava a 10 navios, mas que atualmente o número subiu para 120 embarcações. Segundo Mendes, nesse mesmo ritmo cresceu a produção mato-grossense, se tornando o Estado com maior participação na exportação de grãos do país.
Custo – O número de empresas mato-grossenses do segmento de transporte de cargas diminuiu cerca de 15% nos últimos dois anos. O alto custo da logística é o principal responsável por desestimular a permanência desses empreendimentos no Estado. Entre 2008 e 2009, o número de empresas mato-grossenses, relacionadas ao transporte de cargas, caiu de 935 para as atuais 796 em atividade. O setor reclama ainda que a política tributária mato-grossense encarece o principal insumo do segmento, o óleo diesel. O combustível, que representa 50% do valor do transporte de cargas, é cerca de 10% mais caro em Mato Grosso que em outros estados. O último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta que Mato Grosso tem o terceiro preço do diesel mais caro do Brasil, a R$ 2,21. O estado divide a mesma posição com o Amapá que registrou o mesmo preço. A liderança fica com Roraima, onde os postos cotaram R$ 2,39 o litro do diesel. Na sequência aponta o Acre, com o preço do diesel valendo R$ 2,36 o litro nos postos de combustível.