Os madeireiros matogrossenses conhecerão, em poucos dias, as vantagens do secador solar para madeira, criado pelo pesquisador Osmar José Romeiro de Aguiar. Ele é da Embrapa Amazônia Oriental (Pará) e fará, amanhã, a apresentação da nova tecnologia e discutir sua adaptação para a secagem de vários produtos agroflorestais, com ênfase na castanha-do-brasil.
O secador solar desenvolvido pela Embrapa é considerado único no gênero. A inovadora arquitetura, com três câmaras internas, feita de madeira, plástico e vidro, facilita atingir a eficiência na secagem e melhorar a qualidade final dos produtos. Osmar Aguiar cita que os dois principais diferenciais deste modelo são as câmaras internas (de aquecimento, secagem e desumidificação), e a chaminé, que elimina de forma natural a umidade. Dentro do secador, a temperatura chega a ser 35 graus centígrados mais alta que a do ambiente externo. A tecnologia é cerca de 53% mais econômica se comparada aos métodos convencionais.
Osmar Aguiar iniciou a pesquisa em 2004, desenvolvendo diferentes modelos até chegar ao protótipo com 2,2 de largura, por 2,50 de altura e 6,42 de comprimento. Trata-se de um equipamento portátil, de fácil montagem e desmontagem, feito com materiais leves, duráveis e resistentes. Além do policarbonato, na construção do secador solar da Embrapa empregam-se madeira (para piso, vigas e bancadas de secagem), alumínio, metalon, tubo de PVC (para a chaminé), exaustor eólico e fita adesiva especial de dupla face. O valor do investimento para se construir um igual varia de R$ 3 mil a 5 mil, estima o pesquisador.
O modelo foi testado com sucesso para secagem de madeira, fibras de côco e folhas de nim. O tempo de secagem varia de produto para produto. A madeira de jatobá, de grande valor para exportação, teve sua umidade reduzida a dez por cento em 40 dias de secagem solar. A temperatura interna do secador solar, detectada pela pesquisa no Pará, pode chegar a 35 graus centígrados mais alta que a do ambiente externo. "Muito mais rápido que na secagem ao ar", compara o pesquisador, lembrando como exemplo que, na região Sul, a secagem ao ar de tábuas de eucalipto demora de quatro a cinco meses.
Por conta desta inovação tecnológica, a Embrapa Amazônia Oriental (PA) já ganhou um prêmio FINEP na categoria Processos, por tratar-se de um processo inédito de secagem acelerada de madeira, pelo método de Transição Vítrea da Lignina. O processo é resultado da tese de doutorado de Osmar Aguiar e já está patenteado pelo Brasil, por meio da Embrapa e pela Franca, por meio da Engref (Escola Nacional de Engenharia Rural, Águas e Florestas de Nancy, França). As informações são de assessoria de imprensa.
A apresentação oficial será feita, amanhã, no Amapá. Ainda não foi confirmada a data que deverá ser apresentada para madeireiros matogrossenses.