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Setor madeireiro se moderniza a partir do combate ao desmatamento na Amazônia

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Um levantamento inédito sobre a produção de madeira na Amazônia Legal aponta uma queda significativa no consumo de madeira em tora entre 1998 e 2009. No final da década de 90, o consumo foi de 28,3 milhões de metros cúbicos. No ano passado, o volume caiu pela metade e atingiu 14,2 milhões de metros cúbicos. Para Alberto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a redução da produção de madeira tem a ver com mudanças no mercado (substituição do uso da madeira por plástico PVC, metais e madeira de florestamento – MDF) e com o aumento da fiscalização. Para ele, o mercado está "mudando de perfil" e caminha para o fornecimento regular (sem problema de licenciamento) de produtos uniformes com origem certificada.

O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) – órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e parceiro do Imazon na realização do levantamento -, Antônio Carlos Hummel, também confirma a modernização do setor.

Para Hummel, a queda ocorreu por causa da diminuição de produção ilegal de madeira graças à chamada "política de comando e controle" (fiscalização), à suspensão dos planos de manejo em terra pública e à substituição das antigas autorizações de transporte de produtos florestais – ATPF, que eram impressas (e falsificadas), pelo Documento de Origem Floresta (DOF) que tem controle eletrônico.

De acordo com Alberto Veríssimo, as medidas resultaram no fechamento de muitas madeireiras. "Houve uma crise severa para quem dependia da atividade ilegal." Ele aponta, no entanto, que há saída e compara a situação dos municípios vizinhos de Tailândia e Paragominas (ambos no nordeste do Pará). Segundo ele, Paragominas mantém a produção com madeira de reflorestamento e Tailândia ainda vive problemas com o fechamento das antigas madeireiras.

O Imazon prepara-se para divulgar novo diagnóstico do setor moveleiro no qual verificará o aumento da produção de MDF em todo o país (originário de plantações de pinus e eucalipto), inclusive na Amazônia.

 

"A madeira tropical (como cedro, ipê e maçaranduba) será usada apenas para o mercado de luxo", prevê Alberto Veríssimo que imagina que a Amazônia, que vende 72% da sua produção de madeira em forma de tábua (sem valor agregado), sofisticará a produção unindo tecnologia para a produção de piso e esquadrias, por exemplo.

Veríssimo e Hummel alertam, no entanto, para as mudanças propostas no Código Florestal, segundo relatório elaborado pelo deputado federal Aldo Rabelo (PCdoB-SP), que deverá ir a votação na próxima semana em comissão especial da Câmara dos Deputados. "Esse relatório tem equívocos conceituais graves e merece um debate maior. É um retrocesso", classificou Hummel.

Alberto Veríssimo avalia que o relatório "é muito parcial" e sinaliza "um afrouxamento das regras". Para Hummel, a saída para o setor madeireiro é fazer manejo florestal em áreas concedidas como na Floresta Nacional de Jamari (RO). Segundo ele, até o final do ano, 900 mil hectares serão concedidos para exploração legal de madeira nas florestas nacionais de Jamari (RO), Saraca-Taquera, Amana e Crepori, no Pará.

Em 2009, a indústria madeireira da Amazônia Legal gerou 204 mil postos de trabalho diretos e indiretos e movimentou cerca de R$ 5 bilhões. O Pará participou com 43% da receita, Mato Grosso, com 33%; e Rondônia, com 15%. Os três estados são historicamente os que mais desmatam a floresta.

 

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