Os índios Metuktire voltaram a operar a balsa que faz a travessia do Rio Xingu e interliga a cidade de São José do Xingu às demais localidades ao Norte de Mato Grosso nesta segunda-feira (24). A balsa esteve paralisada durante 32 dias em protesto à construção da usina de Belo Monte, no Pará, e acarretou em um prejuízo de aproximadamente R$ 5 milhões aos frigoríficos situados na região. A interrupção da travessia também prejudicou os produtores rurais do Araguaia e do Xingu, ao nordeste mato-grossense, que deixaram de vender o gado por não terem meios para entregar os bois aos compradores.
Além de acumular animais nos pastos, os pecuaristas da região do Xingu ainda amargaram uma desvalorização de 13,3% na arroba do boi que caiu de R$ 75 para R$ 65, em média. O produtor rural Darli Moura, de São José do Xingu diz que teve prejuízo de 220 animais que deixaram de ser vendidos e agora estão mais baratos. “O preço despencou e as empresas não vão retomar os preços de uma vez. A carne desvalorizou visto que todos querem vender”, desabafa Moura. O produtor ainda conta que durante o período de interdição alugou pasto em outra cidade porque não conseguia trazer para sua propriedade 20 carretas de bezerros comprados.
O gerente de uma unidade frigorífica em Matupá, Natalino Sanchez Júnior, revela que apesar da queda na escala de abate, as empresas reverteram parte dos danos comprando animais de outros Estados, como do Pará. “Depois de alguns dias conseguimos firmar relações com produtores de outras localidades. Agora, podemos até voltar a negociar com os pecuaristas do Xingu, mas vamos ter cautela para não investir e termos novos prejuízos”, avisa Sanchez. O presidente do Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Freitas, contradiz Natalino Sanchez afirmando que as atividades comerciais com os antigos fornecedores poderão ser retomadas de imediato.
O encerramento do protesto, segundo guerreiro Patot Metuktire, que opera a balsa, foi após a chegada do cacique Raoni à região.