A região Amazônica responde por cerca de um terço das florestas tropicais do mundo, produzindo 75% da madeira em tora do Brasil. E, para este ano, a previsão é que a Amazônia se torne o principal centro de produção de madeiras tropicais do planeta e, essa riqueza, está sendo preservada em Mato Grosso. A exploração da floresta já foi chamada até de garimpagem florestal, tamanha degradação e falta de atenção sobre as questões socioeconômicas dos envolvidos. Na modalidade de Exploração Convencional da floresta, as espécies de árvores de maior valor comercial são tiradas sem os devidos cuidados e, em intervalos cada vez mais curtos, dificultando a regeneração da floresta. Estas situações, juntamente com os conflitos pela posse de terras, contribuíram para alimentar o mito de que a exploração madeireira sempre gera danos ambientais e sociais.
Ao longo do tempo, as perdas ocasionadas pela atividade Exploratória Convencional da floresta foram se mostrando mais evidentes e o aumento da conscientização, com as pressões sociais e a institucionalização das fiscalizações, foram mudando o cenário, que ainda chama a atenção do mundo, desprovido de informações mais atualizadas sobre a realidade florestal em Mato Grosso.
Com o Decreto 1.252/94, regulamentando artigos do Código Florestal, o projeto de Manejo Florestal se evidenciou como a melhor alternativa para a atividade florestal: administrar a floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando os mecanismos de sustentação do ecossistema. Com essa modalidade de exploração é possível diminuir os impactos ambientais e gerar benefícios sociais.
A grande diferença do manejo florestal, em oposição à exploração convencional é o planejamento e o emprego de técnicas apropriadas. Conhecendo as espécies e tudo que há na floresta, principalmente, avaliando as árvores já antigas – que diminuíram sua capacidade de sequestrar carbono e estão prontas para serem cortadas; planejando as atividades dentro da floresta, com técnicas que não danificam as árvores remanescentes ou porta sementes; e ainda, respeitando o mecanismo ecológico e garantindo a funcionalidade da floresta, o setor de base florestal de Mato Grosso adotou o Manejo Florestal Sustentável.
Apesar da imagem ainda negativa da exploração florestal, resquício de um passado sem apoio, incentivo e políticas públicas motivadoras da produção sustentável na floresta, diferente das motivações que avançam a agricultura e da pecuária, inclusive com financiamentos públicos, em Mato Grosso a realidade da floresta já é outra. Segundo dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, de 2006 para cá, 388 projetos de Exploração Convencional foram aprovados – áreas que se converteram em agricultura e pecuária, em oposição a 974 Planos de Manejo Florestal Sustentável aprovados. Atualmente, são 1684 empreendimentos madeireiros no estado, manejando 2,6 milhões de hectares – uma área maior que o estado do Sergipe. Esta enorme área de floresta está sendo preservada, com a estrutura e a composição das espécies florestais mantidas.
Leomárcio Xavier de Oliveira, coordenador de Recursos Florestais da SEMA, defende o manejo sustentável e destaca seus benefícios, “primeiro porque ele é ambientalmente correto, depois por toda cultura de benefícios sociais, pois ele gera muito emprego. Se há manejo, vai ter um ciclo contínuo de empregos na região, porque se trabalha um talhão da área de cada vez”. No manejo florestal sustentável, a área total a ser explorada é dividida em talhões e a cada ano, uma nova área é trabalhada para garantir a preservação da floresta.
Júlio Bachega, diretor executivo do CIPEM – representante do setor de base florestal em Mato Grosso, frisa a conduta adotada hoje, “Floresta em Pé, esse é o lema do nosso setor que, somente em 2009, movimentou a economia de 33 municípios mato-grossenses, gerando um faturamento bruto anual de 1,9 bilhões de reais. Além disso, geramos vários benefícios, não importamos insumos para nossa produção e geramos um superávit para o estado; a madeira é o único produto usado na construção civil que é renovável, diferente do aço e do PVC.”
Em 2009, as vendas de produtos de origem florestal em Mato Grosso ultrapassaram R$ 1 bilhão e 700 milhões, sendo 17.88% deste valor em vendas internas, 12.28% para exportações e 69,84% para outros estados brasileiros. O consumo médio de toras se manteve nos 3,6 milhões de m³/ano.
Além dos ganhos já citados, as florestas que são manejadas realizam o equilíbrio do clima regional e global, mantendo o ciclo das águas e ainda permitem a renovação da floresta, mantendo o seqüestro de carbono num patamar apropriado.
“A floresta, quando chega numa certa idade, para de seqüestrar carbono e com o manejo, ela começa a fluir novamente, deixando espaço para o crescimento de outras árvores. A floresta se renova, seqüestrando mais carbono e fazendo um bem imenso a natureza”, defende César Mason, empresário do setor de base florestal