A economia de Mato Grosso seguirá em curva ascendente em 2010. Especialistas e representantes dos setores acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) estadual deve crescer, em percentual, acima de 2 dígitos e chegar aos R$ 55 bilhões este ano. Se confirmada, a estimativa será 28,8% superior ao PIB registrado em 2007, quando alcançava R$ 42,7 bilhões, conforme mostra o levantamento mais recente, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em escala evolutiva, o desempenho estadual se mantém superior ao nacional, exceto em 2006, quando houve queda de 4,6% nas riquezas estaduais, em decorrência da crise no agronegócio.
De acordo com o economista e consultor licenciado da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Mato Grosso, Vivaldo Lopes, a previsão é que este ano, o PIB cresça 13% no Estado, se comparado ao resultados de 2009, cuja estimativa é que tenha fechado em R$ 48,7 bilhões.
Na análise do economista, a perspectiva é que este ano seja de recuperação econômica. O setor mais otimista é o comercial que prevê um crescimento maior que os 8% registrados na comparação entre 2009 e 2008.
Apesar do otimismo estar mais acentuado no comércio, Lopes adianta que 2010 será o ano industrial. Segundo ele, o Estado alcançará mais uma etapa em seu processo de evolução econômica. "Passamos pelo período de produção para subsistência, depois pela solidificação do agronegócio, seguido do crescimento da agroindústria. Agora entramos em uma época em que boa parte da produção será destinada ao consumidor final", descreve o economista que acrescenta a vinda de grandes indústrias compensando a falta de logística no Estado.
O consultor econômico lembra ainda as estimativas de PIB para os últimos três anos. "Em 2007 houve recuperação, e fechamos com R$ 42,7 bilhões no PIB. Em 2008, a estimativa subiu para R$ 45,8 bilhões, enquanto que em 2009 chegou a R$ 48,7 bilhões, pontuando um crescimento de 6,3% ante ao ano anterior. Para 2010, a expectativa é que cresçamos mais 12,9%, alcançando R$ 55 bilhões de PIB". Conforme o IBGE, Mato Grosso registrou entre 1995 e 2007 o maior crescimento de PIB do país, acumulando um acréscimo de 111,5% em suas riquezas.
Lopes diz que esse desempenho é reflexo na superação do agronegócio, que detém participação de 70,24% na economia do Estado. "Na maioria das vezes, Mato Grosso conseguiu manter o crescimento do PIB acima da perspectiva nacional, crescendo sempre duas vezes mais que o país".
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Glauber Silveira, confirma a tendência de crescimento e complementa que é a soja a cultura mais relevante do agronegócio mato-grossense. "É o produto mais importante da balança comercial de Mato Grosso, liderando as exportações do Estado". Para este setor, Silveira diz que as perspectiva são boas, com a previsão de "crescer em 4 anos, o que levamos 8 anos para se desenvolver economicamente".
No setor comercial, as intenções não se diferem. Na avaliação da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio/MT) o comércio aumentará sua participação na economia estadual. A crença é que se as vendas deste ano acompanharem as de 2009, o crescimento será maior. Para o economista, especialista em Comércio Exterior, Vitor Galesso, o crescimento na economia do comércio mato-grossense será incentivado pela expansão do setor da construção civil.
"A advento da Copa do Mundo irá contribuir para o crescimento no setor da construção pelo menos nos próximos 3 anos, o que, consequentemente, irá auxiliar o aumento da economia de outros setores, como o do comércio". Galesso atenta ara o aumento na produção industrial. Segundo ele, com isso, as exportações mato-grossenses devem crescer cerca de 15% até o final de 2010. "Não estivemos imune a crise, mas conseguimos destaque na produção e na exportação de produtos, o que nos leva a crer que Mato Grosso tem potencial para se destacar ainda mais nacionalmente".
Problemas – Apesar das perspectivas positivas para os próximos anos, especialistas apontam que logística é o principal empecilho no desenvolvimento econômico de Mato Grosso. Segundo o presidente da Aprosoja-MT, Glauber Silveira, o Estado corre um risco de sofre um "apagão econômico" se as preocupações não se concentrarem na melhoria de vias para escoamento da produção. De acordo com ele, os investimento empresariais podem sofrer uma estagnação se os órgãos competentes não se atentarem ao fato de que o Estado precisa de ferrovias, hidrovias e condições mais eficientes das rodovias. "Com a prevenção desses impasses o desenvolvimento econômico de Mato Grosso é garantido".
Mas para o economista Vivaldo Lopes, compensando a falta de logística no Estado os investimentos são atraídos pela facilidade de adquirir matéria-prima, especialmente os grãos. Segundo ele, muitas empresas esmagadoras de soja ou processadoras de carne e couro irão investir em Mato Grosso ainda este ano. "Por apresentarmos excelência na produção de grãos e carne, os investimentos de empresas que preparam o produto para o consumidor final estão se instalando em Mato Grosso", ressalta o consultor econômico exemplificando os grupos JBS/Friboi, BR Foods e Bunge, que estão entre as maiores do mundo.
Perspectiva Nacional – Ao contrário do crescimento estimado para o PIB de Mato Grosso em 2010, de 12,9% ante o ano passado, a estimativa para o desempenho da economia brasileira neste ano, de acordo com o Banco Central (BC) passou de 5,08% para 5,20%. Para o PIB do ano passado, o mercado piorou levemente a projeção de uma retração de 0,22% para um recuo de 0,24%. Nesse caso, o desempenho de Mato Grosso registrou variação positiva entre 3,5% e 5%, conforme o economista e consultor licenciado da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Mato Grosso, Vivaldo Lopes.
No levantamento do BC, a estimativa para a produção industrial do país em 2010 foi mantida em alta de 8%. Já a previsão para o resultado final da produção industrial em 2009 segue negativa, mas com uma leve melhora, passando de um recuo de 7,62% para uma queda de 7,58%. Sobre os juros e inflações, a pesquisa encomendada pelo Banco Central, aponta que a taxa básica de juros (Selic) deve subir para 10,75% ao ano ao fim de 2010. Mas Lopes acredita que a taxa deva ficar em 9,75%, ao ano.
A expectativa do mercado financeiro é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2010 fique em 4,50%. Em 2009 o IPCA foi de 4,28%. A estimativa para a inflação de dezembro do ano passado foi mantida em 0,34%. Para janeiro de 2010, a estimativa de IPCA seguiu em 0,53%. Analistas mantiveram a previsão para o patamar do dólar no fim do ano. O nível da moeda norte-americana no fim de 2009 ficou em R$ 1,75. A previsão de câmbio médio no decorrer de 2010 subiu de R$ 1,73 para R$ 1,74.
O mercado financeiro aumentou as previsões para o resultado final do ano passado do déficit nas contas externas. A previsão para o déficit em conta corrente de 2009 subiu de US$ 19 bilhões para US$ 20,110 bilhões. Para 2010, a previsão de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos foi mantida em US$ 40,850 bilhões. A previsão para o resultado final do superávit comercial em 2009 caiu de US$ 24,570 bilhões para US$ 24,2 bilhões. Para 2010, a estimativa para o saldo positivo da balança comercial caiu de US$ 11,650 bilhões para US$ 11,3 bilhões.
De acordo o levantamento do Banco Central, ficou em US$ 25 bilhões a estimativa para o resultado final do ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2009. Para 2010, a estimativa para o IED subiu de US$ 35 bilhões para US$ 35,2 bilhões.