O chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) Pantanal, José Aníbal Comastri Filho, declarou que a escolha política de Cuiabá como sede do INPP (Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal) foi “polêmica, controvertida e arriscada”. De acordo com Comastri, verbas podem deixar de ser enviadas ao Estado com a escolha. A Embrapa Pantanal tem sede em Corumbá, Mato Grosso do Sul.
Em oficio enviado ao deputado estadual Maurício Picarelli (PMDB), o chefe-geral da Embrapa explicou que a escolha desarticulará todas as ações de integração realizadas até o momento pelo CPP (Centro de Pesquisa do Pantanal), um colegiado de universidades regionais que atua em pesquisas pantaneiras.
Pelo CPP foram implantadas redes capazes de unir as instituições da região em torno de temas prioritários, além de influenciar políticas públicas de forma mais eficiente.
Na geopolítica nacional, de acordo com José Aníbal, esta iniciativa não soou bem entre os parceiros das redes coordenadas pelo CPP e MCT. Assim, existe o risco de haver uma desagregação dessas redes, amadurecidas há mais de três anos de funcionamento, inclusive com elogios do próprio ministério.
A Embrapa entende que ao invés de se criar mais uma entidade com recursos públicos, deveria ocorrer um esforço no sentido de fortalecer as parcerias e as instituições parceiras.
Universidades como a UFMS, UFMT, UEMS, Uniderp, entre outras, já trabalham com pesquisas relacionadas ao Pantanal e com a criação de uma nova instituição, pode acontecer um desprezo por parte das competências estabelecidas até então, e que já vinham se desenvolvendo com eficiência.
Um outro agravante mostrado pela Embrapa é que não faz sentido denominar a criação do INPP como um órgão nacional, uma vez que a entidade atuará em questões regionais (o Pantanal tem apenas 140 mil km², enquanto a Amazônia tem mais de 2 milhões de km²).
Os problemas do Pantanal são complexos e requerem a colaboração de todas as instituições de ensino e pesquisa da região. Assim, a possível implantação do INPP, segundo a Embrapa, é potencialmente desagregadora, podendo fomentar a competição e o desmantelamento das redes já estabelecidas e amadurecidas, o que significaria uma perda irreparável para o Pantanal.
Em outubro do ano passado, Picarelli, em parceria com os senadores Delcídio do Amaral (PT) e Valter Pereira (PMDB), entrou em contato com o MCT para solicitar a instalação do INPP em Mato Grosso do Sul, já que o estado detém mais de 65% do Pantanal. No entanto, em recente ofício encaminhado ao peemedebista pelo ministro Sergio Machado Rezende informou que a parceria com a UFMT existe desde 2004 e uma alteração na proposta de instalação seria comprometedora neste momento, pois já está incluída no Plano Plurianual 2008-2011.