O setor madeireiro deve passar os próximos meses em crise devido a greve dos servidores da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), que já dura cerca de 40 dias. A avaliação é do presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte (Sindusmad), José Eduardo Pinto. “Pelo menos nos próximos 12 meses o setor estará em crise em consequência dessa greve e da demora no andamento dos processos dentro da Sema”, afirmou, neste sábado.
De acordo com o presidente, as empresas estão trabalhando com metade de sua capacidade. Mesmo com o término imediato da paralisação, os procedimentos burocráticos para liberar principalmente planos de manejo florestal – para que o setor possa extrair toras e fazer estoque para atravessar o período chuvoso- muitas indústrias terão estoques baixos com consequência negativa nas vendas. Para Sinop, a crise na economia pode não ser tão intensa. “Acho que o setor ainda representa uns 20% da nossa economia, porém, para outros municípios vai representar muito mais porque tem municípios que dependem 80% da madeira”, destacou.
Segundo levantamento feito pelo Sindusmad, com base em dados da Sema, o setor movimenta, em média, por ano, R$ 1,7 bilhão, no Estado. O estudo aponta que, neste período de greve, os negócios com venda de madeira deveriam chegar a aproximadamente R$ 191,7 milhões. Estimando uma redução de 30%, foram cerca de ” R$ 57,5 milhões de perdas ou R$ 1,4 milhão por dia de greve”, aponta o Sindusmad.
Durante este período, pelo menos 2 mil demissões no Estado já foram identificadas levando em consideração a falta de matéria prima relacionada a não aprovação dos manejos. O número de vagas reduzidas poderá chegar, em setembro, a 5 mil, segundo análise com base nas informações dos sindicatos envolvidos. Até a última semana, 1.992.590,47 metros cúbicos de matéria prima foram liberadas. Em 2010, foram 3.968.622,97 metros cúbicos.
A lentidão dos trabalhos dentro da Sema também é a principal reclamação do setor. “A gestão da Sema precisa ser melhorada, acreditamos que o engessamento da lei é o que dificulta os trabalhos, são muitas exigências a serem cumpridas e há uma ingerência muito grande de muitos outros órgãos dentro da Sema”, destacou Eduardo.
“Os funcionários que estão dentro da Sema não conseguem trabalhar. Tem que ficar cumprindo pedidos, solicitações, prestando contas e aquilo que precisa ser feito, que é fomentar o setor, acaba não sendo feito”, reforçou. Para isto, o presidente acredita que as leis existentes devem ser começar a funcionar e outras normas “criadas através de analise pessoal de técnicos, que não tem fundamento legal e que precisam ser reavaliadas”, destacou.
Dados do setor apontam que atualmente, no Estado, estão cadastrados 4.513 empreendimentos ligados ao setor divididos entre comércios, armazenamento, serraria, laminarão, industrialização, beneficiamento, extração, coleta, consumo e produção.
(Atualizada às 08:28h)
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