O etanol voltou a ser competitivo em Mato Grosso. De acordo com a média de preços praticada na capital, R$ 1,77 para álcool e R$ 2,95 para a gasolina, o derivado de cana-de-açúcar passa a representar 60% do valor do derivado de petróleo. Abaixo de 70% o álcool é economicamente mais vantajoso do que a gasolina.
Desde o início do ano, período de entressafra da cana-de-açúcar, o etanol registra altas e pela primeira vez ultrapassou R$ 2,20 em Mato Grosso. Com isso, consumidores passaram a dar preferência pela gasolina porque, apesar de mais cara, tem maior rendimento.
Em março, quando álcool chegou a R$ 2,07 e a gasolina estava R$ 2,98, a relação entre os dois é de 69,4%, bem próximo do limite de 70%, e por isso a preferência mudou. O etanol geralmente correspondia antes da entressafra a até 70% da comercialização do posto e gasolina 30% (descontando os demais combustíveis). Com a elevação dos preços o volume de vendas passou a 50% cada. O diretor do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo/MT), Bruno Borges, afirma que a queda nos preços do etanol é bom para os clientes e também para os postos, que vendem mais. “Com o valor mais baixo as pessoas consumem mais”.
Para o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool/MT), Jorge dos Santos, a redução é fruto da produção das usinas. “As usinas voltaram a moer a cana-de-açúcar e os estoques foram reabastecidos. É normal que o preço reduza”. Segundo Santos, o Estado nunca ficou desabastecido, mas por questões de mercado a oferta diminuiu e com isso o preço aumentou.
De acordo com o presidente do Sindipetróleo, Aldo Locatelli, o etanol hidratado, que abastece os veículos, reduziu nas usinas de R$ 1,96 para R$ 1,56 e o anidro, que é adicionado na gasolina, caiu de R$ 2,76 para R$ 1,65 nos últimos 15 dias. “Foi só o governo anunciar a intervenção que os preços despencaram. É preciso rever a situação do setor como um todo”.
Jorge dos Santos nega que a queda tenha a influência das medidas anunciadas pelo governo federal de possibilitar a redução da adição de anidro de 25% para 18% e colocar a Agência Nacional de Petróleo (ANP) como órgão fiscalizador do etanol, e não mais o Ministério da Agricultura. “A queda foi em consequência do início da safra. As decisões do governo ainda não tiveram consequências. Somente na próxima semana vamos nos reunir com a ANP”.
Manifesto – O Protesto na mesma moeda promovido por um grupo de consumidores inconformados com o preço dos combustíveis serviu para que donos de postos também manifestassem o problema dos impostos que incidem sobre os produtos.
A iniciativa do consumidor Evertom Almeida da Silva foi inspirado por uma ação nacional em que os clientes abastecem o equivalente a R$ 0,50 de combustível, paga com uma nota de R$ 50 ou R$ 100 e exige a nota fiscal. Representantes do Sindipetróleo aproveitaram a oportunidade para expor a composição do preço dos combustíveis. De acordo com o diretor do sindicato, Bruno Borges, a maior parte do que o consumidor paga é referente a impostos cobrados pelo governo.