O último boletim transparência florestal do Imazon, divulgado em abril, apresentou informações sobre o desmatamento e degradação a partir do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), mostrando que em março deste ano, o desmatamento na Amazônia Legal chegou a 46 quilômetros quadrados. Mato Grosso aparece como líder no ranking do desmatamento, com 28% do total desmatado de agosto de 2010 a março de 2011. Na sequência, aparecem Rondônia e Pará com 26% e o Amazonas com 12%. No período em análise, os quatro estados aparecem como os responsáveis por 93% do desmatamento da Amazônia.
Já o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA detectou neste ano, através do acompanhamento do sistema DETER, uma mudança no padrão decrescente de áreas de desmatamento que vinha se estabelecendo nos últimos cinco anos. “O tamanho dos polígonos era menor, chegando ao máximo de 50 hectares, distribuídos em diferentes espaços dentro das áreas. O que encontramos, com a Operação Disparada, foram áreas com mais de 500 hectares já abertas com o uso do “correntão”, chegando algumas a superar 1.000 hectares de degradação ilegal. Encontramos alguns municípios com até sete mil hectares de desmatamento ilegal, com indicativo para atividade agrícola”, explicou Ramiro Hofmeister Martins-Costa, superintendente do IBAMA em Mato Grosso.
Uma das explicações para a mudança é a possibilidade de aprovação do novo Código Florestal, “percebemos que a exploração indevida foi uma ação planejada, concomitante e coincidente, pois a encontramos em várias áreas da região norte”, concluiu Ramiro Martins-Costa.
A situação provocou a união de esforços dentro do órgão e cerca de 250 fiscais do IBAMA estão chegando de outros estados para intensificar as fiscalizações e organizar barreiras nas estradas. Além disto, a união se estendeu também para a Polícia Ambiental e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA.
“A integração entre as instituições vai otimizar os recursos disponíveis e dar uma resposta mais rápida. A prioridade é fazer a responsabilização administrativa e criminal dos danos ambientais que estão ocorrendo agora. De forma equivocada, aqueles que estão causando o dano, estão acreditando numa regularização que porventura possa vir beneficiá-los”, frisou Júlio Bachega, secretário adjunto de Mudanças Climáticas da SEMA.
O Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso – CIPEM, representante do setor de base florestal, vem trabalhando arduamente pela transparência, legalidade e profissionalização dos seus sindicalizados. Inclusive, num esforço institucional para promover o diálogo e a cooperação com a esfera pública, representada por órgãos estaduais e federais. A Floresta em Pé é uma das bandeiras do CIPEM, assim como o Desmate Ilegal Zero, uma vez que o setor de base florestal mato-grossense vive da prática do Manejo Florestal Sustentável, uma atividade legal e responsável pela renda de milhares de famílias. E, diante desta ampliação de áreas desmatadas, preocupa-se.
“Os associados ao CIPEM sabem que a floresta em pé é a garantia da perpetuação da atividade de base florestal e, o manejo florestal é a única forma de exploração planejada. Por isso mesmo, nós apoiamos toda e qualquer iniciativa que vise combater condutas ilegais, principalmente aquelas que colocam em risco a sustentabilidade do setor”, João Carlos Baldasso, presidente do CIPEM.