Os postos de revenda de combustíveis de Cuiabá e Várzea Grande já repassam ao consumidor a queda nos preços do etanol hidratado, produto que também abastece os carros flex. Os postos bandeira branca (aqueles ostentam marca própria e não a de uma grande distribuidora) são os primeiros a repassar o reajuste que partiu das usinas. A queda no setor produtivo chegou às distribuidoras e agora alcança postos e demais consumidores.
O revendedor Fabio Marques é proprietário de dois postos, um bandeira branca e o segundo bandeirado. No posto "sem bandeira", o Santos Dumont localizado em Várzea Grande, a queda já alcança R$ 0,08. Já no posto bandeirado, a queda está prevista para o início da próxima semana. "Como revendedor, tenho o compromisso com o consumidor. Vou repassar qualquer redução para as bombas. Tenho a certeza que esse é o compromisso de toda a revenda", afirma Marques.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo), Aldo Locatelli, pontua que o etanol já começou a ser entregue pelas usinas às distribuidoras em grande escala. "Essa queda sempre foi previsível. Bastava acontecer a redução nas usinas e nas distribuidoras para os custos de aquisição do combustível caírem nas bombas. Em breve, à medida em se renovarem os estoques, a queda vai alcançar todo os postos e beneficiar o consumidor".
Expectativa sobre o etanol anidro
Locatelli prevê que, durante o período de safra da cana-de-açucar, o mercado vai se regularizar rapidamente. "Acredito que já no início da próxima semana o preço do etanol deverá estar mais competitivo em relação à gasolina. Esperamos agora uma queda substancial nos preços do etanol anidro para que o reajuste afete à gasolina beneficiando quem pode abastecer somente com esse produto", disse Locatelli.
O etanol anidro compõe a gasolina na proporção de 25% e quando seu preço sobe, aumenta também o custo da gasolina. Utilizando dados de uma distribuidora, o Sindipetróleo verificou que, de julho de 2010 a abril de 2011, o aumento no preço do álcool anidro (da usina para a distribuidora) foi de 160%. "Um aumento absurdo. Nas usinas, o litro do etanol anidro passou de R$ 0,98 para R$ 2,55 e isso aniquilou qualquer possibilidade do revendedor absorver esse custo", diz Locatelli.
O presidente do Sindipetróleo afirma também que a revenda anseia por uma forte política de controle da produção do etanol. "Os usineiros precisam focar na produção do combustível e não mais do açucar. Só assim os preços se manterão estabilizados durante e após o período de safra de cana".
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