Uma alta carga de impostos e serviços públicos de baixa qualidade. Esta é a conclusão do cidadão brasileiro ao ser questionado sobre qual sua avaliação acerca dos serviços públicos e tributação na pesquisa "Retratos da Sociedade Brasileira: Qualidade dos Serviços Públicos e Tributação", divulgada nesta quarta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para a população, os serviços oferecidos pelo governo deveriam ser melhores levando-se em conta que a arrecadação é suficiente para o setor público prover serviços de qualidade. De acordo com a pesquisa, os brasileiros não veem necessidade de se aumentar os impostos para melhorar a qualidade dos serviços.
Dos 12 serviços públicos avaliados pelo estudo, realizado em parceria com o Ibope, apenas quatro foram aprovados pela população: fornecimento de energia elétrica, fornecimento de água, iluminação pública e educação superior. O com maior conceito é o de energia elétrica, com 75% de aprovação. No lado inverso da tabela estão os serviços de postos de saúde e hospitais. Entre os entrevistados, 81% consideram a qualidade "baixa" ou "muito baixa", constatou a CNI.
Para a população, os problemas relacionados à saúde devem-se à gestão do dinheiro destinado ao setor. Para 63% dos entrevistados, a baixa qualidade dos serviços de saúde deve-se mais à má-utilização dos recursos públicos do que à falta deles. Do universo avaliado, apenas 9% discordaram da afirmação, em parte ou totalmente.
O estudo mostrou ainda que para os brasileiros, os impostos são muito elevados e cresceram bastante nos últimos anos. "A população brasileira considera a carga tributária demasiadamente pesada no país. Para 87% dos entrevistados, os impostos são "elevados" ou "muito elevados" e apenas 7% consideram o valor ‘adequado"", informou o estudo.
Esse percentual aumenta significativamente para faixas de renda e de escolaridade mais altas. Na faixa mais elevada de renda familiar (acima 10 de salários mínimos), 97% dos entrevistados consideram os impostos "muito elevados" ou "elevados" e apenas 2% os consideram "adequados". Em termos regionais, o sentimento de que os impostos são elevados é mais disseminado no Sudeste: Entre os entrevistados residentes nessa região, 51% consideram os impostos "muito elevados" contra 32% no Nordeste. Considerando o somatório das respostas "elevados" e "muito elevados", chega-se a 91% na Região Sudeste contra 77% na Região Nordeste, apontou ainda a Confederação.
De acordo com a CNI, dois em cada três brasileiros são contrários à criação ou ao aumento dos impostos para melhorar os serviços de saúde. Sobre a volta da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira), grande maioria da população brasileira (72%) é contra a volta da CPMF; 20% são a favor da recriação da CPMF e 7% não souberam responder ou não opinaram.
Dos entrevistados, 75% disseram concordar que "a CPMF é um imposto injusto, pois afeta as pessoas independentemente do nível de renda". A pesquisa feita da Confederação Nacional da Indústria foi realizada entre 4 e 7 de dezembro de 2010 com 2.002 pessoas em 140 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o grau de confiança de 95%.