Os shoppings de Mato Grosso têm nas classes B e C o público alvo e o principal mercado consumidor. Pesquisa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) aponta que os maiores clientes não são os com maior poder aquisitivo, mas aquela parcela da população que mais ascende e adquire renda no país. Dos R$ 1,461 bilhão gastos em 2010 no Estado na compra de eletrodomésticos em shoppings centers, R$ 623,31 milhões foram por pessoas da classe C, R$ 531,77 milhões pela B, R$ 165,29 milhões por integrantes das classes D e E e R$ 140,91 milhões pelos mais abastados.
O levantamento realizado pela entidade aponta que o consumo per capita dentro de shoppings foi de R$ 325,15 no ano passado, considerando todos os gastos e todos os habitantes, que no último censo ficou registrado em 3 bilhões de pessoas. O volume é segundo maior da região Centro-Oeste, ficando atrás apenas do Distrito Federal. Goiás, que tem cerca de 3 bilhões de habitantes a mais, não atingiu o mesmo valor.
Outros detalhes apontados pela pesquisa são com relação às preferências dos consumidores do Estado. Os gastos com eletrodomésticos foram os maiores entre os matogrossenses, que desembolsaram R$ 625,14 (por habitante no ano passado). A busca pelos itens do lar e eletrônicos atraem as pessoas ao shopping pela possibilidade de fazer pesquisa em um mesmo local, economizando tempo e com maior variedade de preço e qualidade.
O taxista Reinaldo Dias Sousa foi ao shopping em busca de uma geladeira nova e afirmou que o preço no local acaba saindo menor devido ao maior número de lojas, que propicia maior concorrência. Aliás, competitividade é um dos motivos que faz com que as classes B, C, D e E freqüentem o shopping como opção de compras. Segundo o consultor de varejo, Sebastião Félix, com maior número de lojas, a concorrência fica acirrada e os preços tendem a diminuir. “Hoje é comum ver as liquidações, promoções, ofertas, ações que visam diminuir os preços e impulsionar as vendas”.
Para o diretor de relações institucionais da Alshop, Luís Augusto Ildefonso da Silva, o crescimento do consumo se deve à alta no poder aquisitivo da população, principalmente das classes C e D. Segundo ele, estados que registraram maior índice nesse quesito, como Mato Grosso, tem a economia voltada para o agronegócio. Luis Augusto, no entanto, também concorda que os preços dos produtos ficaram mais atrativos ao consumidor. “Está mais acessível trocar os aparelhos, os bens duráveis. O consumo está sendo racional. Essa modificação no consumo vem ocorrendo nos últimos 20 anos”.
Para o superintendente do shopping Três Américas, José Júlio Cantino, mais do que o incremento na renda, a classe C passou a ter mais integrantes em consequência daqueles que migraram de uma situação menos favorecida. Alfredo Zanotta, diretor de marketing do Pantanal Shopping, afirma que os dados da Alshop reforçam que o poder aquisitivo da classe C, principalmente, tem aumentado significativamente. No Pantanal, a classe B representa 50% da movimentação, a A 30% e a C 12%.