A dívida declarada pelo Grupo Delta ultrapassa os R$ 281 milhões com aproximadamente 1,2 mil credores de diversos segmentos, de transportes a bares e restaurantes. A maioria dos valores devidos foi acumulada junto às instituições financeiras. No caso de dois bancos os montantes são de R$ 83,163 milhões e R$ 89,224 milhões, enquanto que a empresa deve a outro banco R$ 5,987 milhões. O menor crédito é de R$ 10 mil devidos a alguns comércios, prestadores de serviço e pessoas físicas.
A lista de credores, que inclui ainda a Petrobras (R$ 8,761 milhões), foi publicada no processo de recuperação da empresa, protocolado em 4 de junho e deferido pela justiça do Rio de Janeiro no dia 18 do mesmo mês. De acordo com os documentos apresentados à juíza Maria da Penha, da 5ª Vara Empresarial TJ/RJ, de todas as empresas pertencentes ao grupo, a maior dívida adquirida, ou seja, 65% é da Delta Construções S/A, o que totaliza cerca de R$ 183 milhões.
“Sempre haverá discussões sobre esses créditos”, explica o professor de falências e recuperação de empresas, Bruno Castro, ao destacar que esse montante é o declarado pela empresa, mas pode e geralmente é questionado pelos credores. Castro lembra ainda que o administrador judicial (determinado pela juíza Maria da Penha) irá verificar os valores e credores declarados pela Delta e podem haver retificações. Após todas as verificações, a lista oficial será publicada para o chamamento dos credores e caberá a eles aceitarem ou não a proposta de pagamento feita pela empresa.
Divulgar o total do passivo (dívida) e quem são os credores é obrigatório nesse tipo de processo judicial, que cumpre agora o prazo de 60 dias para a apresentação do plano de recuperação, novamente sob pena de decretação de falência. Primeiro prazo de 15 dias foi cumprido pelo Grupo Delta na entrega de certidões negativas criminais dos seus administradores e sócios. Antes disso, todas as ações ou execuções contra a empresa foram suspensas por determinação da justiça.
Acusações contra executivos da empresa teriam engrossado a dívida, argumentaram os assessores jurídicos no pedido de recuperação judicial, afirmando que estaria ocorrendo uma espécie de “bullying empresarial” contra a Delta. Ela estaria perdendo crédito na praça e recebimentos deixaram de ser feitos, inclusive do poder público. A compra da empresa pela J&F Participações S.A foi a última tentativa de recuperação fora dos tribunais. Quando a desistência foi anunciada (1/6), a empresa divulgou um comunicado à imprensa dizendo que a “situação financeira tornou-se insustentável”. Por meio de nota, a Delta informou que não vai mais se manifestar sobre o processo de recuperação judicial, que está ocorrendo de acordo com todas as determinações da Justiça do Rio de Janeiro.
Conforme informou ao poder judiciário carioca, o grupo recolheu nos últimos 3 anos (2009 a 2011), aproximadamente R$ 735 milhões de tributos federal, estaduais e municipais que chegam a R$ 1 bilhão, se considerados os pagamentos previdenciários. Delta emprega 20 mil pessoas diretamente e gera outros 60 mil empregos indiretos. Em Cuiabá a Delta Construções venceu a licitação para o Programa Poeira Zero de pavimentação asfáltica e a coleta de lixo. Já com o governo do Estado para locação de veículos.