Índice de rotatividade no mercado de trabalho se mantém alto em Mato Grosso. Tempo de serviço foi de, no máximo, 2 anos em 67,7% dos vínculos empregatícios declarados no 2º semestre de 2011, ou seja, 437,718 mil registros de um total de 646,466 mil. Estatísticas usam como base de dados as declarações prestadas pelas empresas ao Ministério da Previdência Social através da Guia de Recolhimento ao FGTS e Informações à Previdência Social (Gfip), considerando diversos tipos de vínculos, do contrato na carteira de trabalho ao menor aprendiz.
Além de remuneração, o ambiente e condições de trabalho, formalização, organização da categoria (sindicatos), proteção social e intervenção governamental estão relacionadas à rotatividade, explica o economista Ernani Lúcio Pinto de Souza. "Elevados graus de rotatividade de emprego em determinada economia significam a ausência ou o excesso de alguns desses fatores". Apesar da redução da taxa de desemprego nos últimos 10 anos no Brasil, de 14% para algo em torno de 6%, a qualidade do trabalho caracteriza- se mais pela precariedade e informalidade.
Na avaliação da consultora organizacional e de carreiras, Marluce Dezorzi, a rotatividade virou um grande problema porque as pessoas estão tendo pouca paciência para fechar ciclos nas empresas. Querem ganhar muito em pouco tempo e, às vezes, trocam seis por meia dúzia. No entanto, conforme a especialista, parte da responsabilida- de é do setor patronal que deve criar políticas de retenção por meio de premiação. "Contribuição com salário não é mais suficiente".
Segundo o presidente do Sindicato da Construção Civil de Mato Grosso (Sinduscon), Cesário Siqueira, no setor a cultura do funcionário de constante troca de emprego inibe o investimento do empresário em qualificação. Para mudar essa realidade, uma parceira está sendo buscada com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cuiabá e Municípios (Sintraicccm). Presidente da entidade, Joaquim Santana, reconhece que a rotatividade no segmento é elevada por escolha do fun- cionário, mas acredita que isso também ocorre porque muitos contratos são fechados por empreendimento
Rendimento – No ano passado, de julho a dezembro, 86,9% dos vínculos declarados foram de empregados, que somavam 561,945 mil, seguidos pelo 2o maior grupo composto pelos servidores públicos, que totalizava 58,973 mil trabalhadores (9,1%). Ambas categorias apresentam também as melhores remunerações médias do Estado, R$ 1,792 e R$ 1,660 respectivamente.
Na relação salário e tempo de serviço, o rendimento se eleva à medida que o vínculo empregatício é mais longo. Para se ter uma ideia, conforme o Boletim, a média de renda de uma pessoa que trabalhava há mais de 5 anos em uma empresa era de R$ 3,081 mil; de 1 a 2 anos recebia R$ 1,811 mil; e de 3a6mesesovalorédeR$1,187mil.
Prós e contras são colocados na balança quando Eva Pereira Coutinho, 45, pensa em trocar de emprego. A professora sempre está em busca de qualificação como a amiga Adinei Valéria da Silva, 44. A agente de pátio diz que a concorrência é muita grande e qualificar é importante para elevar a renda e até estar preparado para buscar outro emprego.