Com 3.035 milhões de habitantes conforme censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE), Mato Grosso fechou fevereiro com 4.109 milhões de celulares habilitados. A diferença de mais de 1 milhão de aparelhos superior a população mato-grossense é justificada pelas facilidades de acesso ao crédito, campanhas promocionais das operadoras e melhoria na renda da população. Contudo, especialistas alertam que boa parte desses usuários compram o telefone, mas não conseguem mantê-los em uso frequente, resultando em aparelhos sem créditos que só recebem ligações ou ligam a cobrar.
Conforme dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em Mato Grosso foi constatada densidade 129,98 por cada 100 mil habitantes, ou seja, para cada grupo de 100 pessoas existem 130 celulares habilitados. Destes, são 3,4 milhões na modalidade pré-pagos, o que representa 84, 73% enquanto os pós-pagos são 15,27% com 627.594 aparelhos ativos. No Brasil, levantamentos apontam que ao final de fevereiro eram 202,8 milhões celulares pré-pagos (81,89%) e 44,8 milhões pós-pagos (18,11%) totalizando 247,6 milhões de linhas ativas e teledensidade de 126,45 acessos por 100 habitantes. O número absoluto de novas habilitações (2,4 milhões) é o maior registrado em um mês de fevereiro nos últimos 13 anos e representa um crescimento de 0,99% em relação a janeiro de 2012.
Para o conselheiro do Conselho Regional de Economia de Mato Grosso (Corecon MT) Ernani Lúcio Pinto de Souza, a estabilidade do plano real foi importante para a redistribuição de renda e geração de empregos no setor público e privado, o que elevou o consumo em todas as esferas, principalmente da telefonia móvel. "O acesso ao celular é real e efetivo, mas é preciso esclarecer que boa parte dos novos usuários após adquirir o aparelho não consegue mantê-lo. Então resulta nos celulares "pai de santo" que só recebem", explica, acrescentando que esse crescimento vertiginoso se deve em boa parte aos investimentos das operadoras no setor de telefonia móvel.
Ainda na avaliação de Souza, a situação da telefonia poderia estar melhor e mais fortalecida no país se a tão comentada e necessária reforma estrutural e fiscal, de fato, saísse das discussões políticas e fosse efetivada. Ele explica que essa reforma fiscal tem como principal objetivo desonerar o consumo. Isso porque, explica o especialista, a carga tributária, hoje em torno de 40% dos preços de produtos e serviços, seria reduzida e aqueceria todos os setores. "Não basta só comprar um celular, é preciso ter dinheiro para usá-lo. Mas apesar das promoções das operadoras para fidelizar usuários, os preços cobrados pelas ligações ainda são bastante caros", acrescenta.