Balança comercial mato-grossense pode responder por 63% do superávit brasileiro neste ano. Pesquisa Focus projetou para 2012 saldo de US$ 19,50 bilhões na balança comercial brasileira, volume 34,6% inferior aos US$ 29,79 bilhões de 2011. Para Mato Grosso, projeções mais tímidas preveem saldo de US$ 12 bilhões neste ano. Nos últimos 3 anos, saldo da balança comercial mato-grossense representou em média 30% do superávit brasileiro.
Com a tendência de aumento nas exportações dos produtos primários, carro-chefe das negociações de Mato Grosso com o mercado internacional, a participação estadual no saldo da balança comercial do país deve subir. Diferentes fatores contribuem para este cenário, como o aumento de 12,8% na produção agrícola ma- to-grossense, num volume de 34,9 milhões de toneladas, assim como a manutenção dos preços das commodities, como lembra o economista Pedro Razente. Valorização cambial dificultando a exportação de produtos industrializados é outro fator que pesa na relação comercial com outros países.
Algumas instituições financeiras menos otimistas apostam num superávit de US$ 11 bilhões para o país, a exemplo da análise apresentada por técnicos do Itaú/Unibanco, evidenciando ainda mais a importância de Mato Grosso nas negociações como mercado externo. Superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidônio, percebe 2012 como um ano positivo para a comercialização da produção mato-grossense, tanto no mercado internacional quanto doméstico.
Prejuízos à safra agrícola na região Sul, com o clima afetando grandes produto- res como Paraná e Rio Grande do Sul, aumentam a demanda pelos produtos mato-grossenses. Momento contribui para os bons preços da soja, que voltou a se valorizar na última semana, com a saca da oleaginosa sendo comercializada na média R$ 40 em Mato Grosso com tendência de alta em plena safra.
Mesmo a moeda brasileira e os preços das commodities valorizados, o saldo da balança comercial mato-grossense não sofre revés, observa Celidônio, por causa da sustentação de grandes mercados como o chinês. "Mesmo caindo o consumo na Europa, havendo um crescimento mínimo das importações pela China já compensa". Segundo o Banco Mundial, o crescimento da economia chinesa deve ser inferior a 8,4% neste ano, sendo que todo leste asiático deve crescer 7,5%, abaixo dos 8,2% projetados em 2011.
Contraponto – Para o desenvolvimento econômico do Estado, porém, a disparidade entre o volume das exportações e importações precisa ser reduzida, conforme explica o economista Vivaldo Lopes. No ano passado, as exportações mato-grossenses totalizaram US$ 11,09 bilhões, enquanto as importações movimentaram US$ 1,578 bilhão. "Neste ano, a situação deve se repetir, com o Estado importando pouco, sem saber aproveitar o bom momento do câmbio para modernizar o parque industrial". Modernização necessária, acrescenta, para transformação dos bens primários e agregação de valor aos produtos.