Compras à vista são uma das perspectivas dos empresários para manter a estabilidade econômica no primeiro semestre deste ano. É o que apresenta o levantamento realizado pelo Departamento de Pesquisas Econômicas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio-MT) junto a 400 empresários da capital e interior, mostrando que 80% dos entrevistados acreditam na manutenção da estabilidade econômica. Enquanto as compras com dinheiro ‘vivo" correspondiam a 33% da opinião dos entrevistados, as compras a prazo representaram 22%.
O vice-presidente da Fecomércio de Mato Grosso, Roberto Peron, informou que ainda não tem dados fechados dos primeiros 6 meses de 2013, portanto não pode falar se as perspectivas da pesquisa realizada foram alcançadas.
Porém, ele afirma que já nesses 3 primeiros meses do segundo semestre, com a ajuda do fator Copa, as vendas no ramo de serviços estará aquecida. Já no ramo do comércio, Peron dá um alerta. "Em se tratando da compra de produtos, o consumidor deve ficar atento. O dólar está em alta e usar o cartão de crédito e até mesmo pagar as compras à vista irá pesar de qualquer jeito no bolso".
A empresária Bruna Monteiro, possui duas lojas no ramo de vestuário feminino no centro de Cuiabá e é prova de que a pesquisa da Fecomércio não teve tanto sucesso, já que as compras realizadas através de cartão de crédito superaram as compras à vista. "Como meu público é basicamente feminine e compram muito, elas preferem passar as compras no cartão de crédito, em vez de pagar a vista. A não ser quando realizamos algum tipo de liquidação e aceitamos apenas pagamento em dinheiro".
No ramo de serviços não é diferente. Proprietária de uma clínica de beleza, Gislayne Mendes, achou no cartão de crédito um aliado para as vendas. "Antes eu só trabalha com pagamentos à vista, e por isso acabei perdendo muito serviço, ou às vezes trabalhava com cheque, o que também me deu muito trabalho, já que vários não tinham fundo. O cartão de crédito é um mal necessário para nós empresárias e também para o cliente, que pode contratar serviços e ainda pagar parcelado".
Para a consumidora Lindamar do Amaral, as compras – sempre que possível- devem ser pagas à vista, já que o cartão de crédito e cheque são apenas maneiras de adiar o pagamento."Já perdi grande parte da minha renda por comprar com cheques e uns anos atrás com o cartão de crédito. Agora só compro à vista. E se não tenho dinheiro, simplesmente não compro, afinal esses meios só fazem adiar o pagamento, que mais cedo ou mais tarde terá que ser feito."
O economista João Eduardo Resende, explica que o fato de pagar as compras em dinheiro superar as compras a crédito está relacionado a posição social. "As pessoas que pagam suas compras com dinheiro são das classes A e B, enquanto as classes C e D dão preferência pelo cartão de crédito. Como o Brasil aumentou o número de famílias que compõe a classe média alta, consequentemente as compras à vista também aumentaram".
Mas ele ainda afirma que em Cuiabá esse número corresponde a 60% da clientela, o que é sinônimo de preocupação. "Os cuiabanos estão adquirindo produtos e serviços cada vez mais com a utilização do cartão de crédito. Isso não seria problema se a inflação não estivesse tão alta. O Governo Estadual lucra em cima do imposto inflacionário, que aqui está altissímo por causa das obras da Copa. Meu conselho é que reduzam os gastos no crédito".