A partir de março de 2014 consumidores de baixa tensão de energia poderão ter uma nova modalidade de cobrança, a tarifária branca. O novo sistema prevê aplicação de tarifas diferentes de acordo com o horário de consumo, ofertando valores menores durante o período em que o sistema é menos utilizado, sendo que de segunda a sexta-feira, um valor menor será empregado na maioria das horas do dia; outra maior quando o consumo atinge o pico máximo, no início da noite, e a terceira, intermediária, será entre esses dois horários. Nos fins de semana e feriados, a tarifa mais barata será empregada para todas as horas do dia. Modelo de tarifa é opcional e foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2011.
Superintendente de Regulação de Comercialização da Eletricidade da Aneel, Marcos Bragatto, recomenda análise por parte dos consumidores antes da adesão à nova tarifa. "A intenção é a mudança de hábito no consumo. Mas se isso não for possível acabará pagando mais. Dessa forma é importante a avaliação". O custo dos novos medidores eletrônicos que devem ser homologados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) será das distribuidoras e repassado nas tarifas, caso seja necessário uma aplicação em massa. "Acreditamos que isso não aconteça imediatamente porque interfere na rotina de todos".
Para aderir ao novo modelo, o consumidor que esteja em sua primeira ligação terá que esperar 5 dias úteis (3 dias para vistoria e 2 para ligação). Caso a residência já utilize o modo convencional, o prazo será de 30 dias a partir da solicitação. Entre os consumidores, a modalidade é uma novidade que gera opiniões distintas. A dona de casa Maria Aparecida da Silva já discorda da atual conta de energia, que cobra alguns impostos que a população desconhece e não está disposta a mudar sua rotina para aderir à tarifa branca. "Para algumas pessoas isso pode gerar economia, mas para outras não porque a cobrança menor será em um horário que todos estarão em casa e consequentemente o uso de energia é maior". Élio Pontes concorda com Maria e acredita que não será viável. "Isso deveria ser mais divulgado para todos nós termos conhecimento e não saber só depois que for aprovado. Ainda bem que não é obrigatório porque nós consumidores continuaremos pagando caro pelo serviço da mesma forma".
Professor de engenharia elétrica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Dorival Gonçalves, acredita que o objetivo da tarifa branca não é atender aos consumidores como a Aneel deixa claro e sim a necessidade de expansão da rede da distribuidora. "Pode ser que este modelo não seja consolidado mesmo sendo opcional. A intenção é diminuir o consumo em horário de pico, já que nesse período os alimentadores residenciais estão no máximo". Gonçalves explica que no Brasil existem cerca de 59 milhões de consumidores residenciais e desses, 46 milhões têm uma demanda menor que 220 kWh por mês. Sendo assim, a maioria não tem condições de aderir à mudança. "Isso deve trilhar um grande mercado para as indústrias de aparelhos medidores que serão os reais beneficiários desse serviço. Já as distribuidoras de energia não conseguirão atingir a maioria das residências porque é algo opcional e caso o consumidor não se adapte pode voltar ao modelo convencional. É importante deixar claro isso para todos". O professor supõe que o cancelamento esteja sendo estudado pela agência de energia já que o país passa por uma onda de protestos".