O setor brasileiro de gás liquefeito de petróleo (GLP) continua crescendo um pouco acima do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), disse hoje (25) àAgência Brasil o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sergio Bandeira de Mello. Este ano, a expectativa é fechar com crescimento de vendas em torno de 2,3%.
“Para nós, é um número muito bom”, ressaltou, embora a expansão das vendas em embalagens para consumo residencial até 13 quilos seja de apenas 1%. Mello explicou que para os botijões individuais até 13 quilos, destinados a residências, a tendência é a estabilização ou crescimento lento, porque “cada vez mais há residências multifamiliares e existe a conveniência das centrais de gás”.
Essas centrais são instaladas no andar térreo das edificações, que utilizam bateria de cilindros de 45 quilos de GLP, cuja distribuição interna é feita por meio de ramais. “Esse é o novo gás encanado dentro do prédio. Essa é a modalidade de fornecimento que vem crescendo mais”, apontou. Mello esclareceu que os novos prédios têm se adaptado às exigências de maior eficiência energética, e são construídos de modo a que cada unidade familiar não tenha necessidade de ter um cilindro de gás só seu.
A central de gás é controlada pelo condomínio, e pode ser atendida pela rede de 56 mil revendedores em todo o país, ou diretamente pelas distribuidoras, dependendo do tipo de contrato estabelecido. De acordo com a assessoria de imprensa do Sindigás, a utilização do GLP é considerada requisito para a obtenção da classificação de eficiência energética pelo novo Selo Procel de Edificações, que a Eletrobras lançará amanhã (26), no Rio de Janeiro, para premiar os melhores projetos ou empreendimentos construídos.
Apesar do avanço do gás natural, o Sindigás vem registrando crescimento também das vendas de GLP para a indústria. “O setor de gás tem conseguido se reinventar na indústria, aumentando também sua participação no agronegócio, para secagem de grãos e aquecimento de ninhadas, com maior controle que o uso de lenha”, destacou.
Foi observado também aumento do uso de aquecedores de água a gás, que Mello indica como mais eficientes que os chuveiros elétricos. “Instalar hoje em um prédio comercial ou residencial chuveiros elétricos é mais caro do que fazer uma instalação para aquecedores a gás”, disse ele, e observou ainda que é mais barato pagar o GLP do que pagar energia elétrica para aquecimento de água. Outra vantagem, do ponto de vista do governo, acrescentou, é ligada à diminuição dos picos de demanda.
Sergio Bandeira de Mello avaliou que a crise recente que envolve a Petrobras ão afetou o desempenho do setor de GLP. “Não tivemos problema nenhum. A crise [da Petrobras] não nos afetou em nada”, assegurou.
O recorde de consumo de GLP foi registrado no ano passado, com um volume vendido de 7,329 milhões de toneladas. Da demanda nacional, entre 75% e 80% de GLP são produzidos no país. As estimativas sinalizam, porém, para um equilíbrio entre produção e demanda entre 2016 e 2018, com possibilidade, inclusive, de superávit, admitiu Mello. Esse cenário vai diminuir mais a dependência do mercado externo, uma vez que parte do produto para abastecimento do consumo doméstico é oriunda de importações.
Como os produtos derivados do petróleo têm demanda muito direcionada pela oferta, o presidente do Sindigás manifestou expectativa de que o produto tenha oferta mais agressiva no país, pois acredita que “existam mais estímulos para acabar com as proibições de uso de GLP” em grupos geradores de energia.