O comércio é tentador, as promoções sedutoras e o vendedor praticamente um agente que visa lucro. Nas vitrines os anúncios atraem a atenção para os descontos. Tudo isso faz com que alguns clientes deixem de pechinchar por um preço menor. Isso porque, quando o produto está em promoção, os consumidores sentem “vergonha” de pedir mais redução no valor. Em temporada de liquidações, esta época é uma ótima oportunidade para aprender ou colocar em prática dicas simples para pechinchar. E o consumidor só tem a ganhar, pois no fim das compras contabiliza uma boa economia.
Quem decide onde comprar, o que, quando e como vai pagar é o cliente/ consumidor. A afirmação é do economista Edisantos Amorim, ao brincar dizendo que “o cliente é o principal jogador. É ele quem decide as regras desse jogo”. O economista foi às ruas com a equipe de A Gazeta para revelar os segredos de uma boa barganha e comenta que o consumidor está começando a ter mais consciência dos preços e sobre seus direitos. “A pesquisa de preços está sendo feita por muita gente, principalmente no setor varejista e no setor de alimentos. O consumidor está atento às promoções de cada supermercado e vendo a oportunidade de poupar escolhe sempre aquele que oferece o melhor custo-benefício”.
Fazendo compras, Jaqueline Fernandes relata que tem duas filhas, e que pede desconto todas as vezes que vai adquirir um produto, mesmo sabendo que está em promoção. “Sempre que compro algo para uma delas tenho que obrigatoriamente comprar para a outra, então levo dois produtos e acho justo ter um desconto maior por isso. Compro em dobro”, compara.
Para Jaqueline, Edisantos Amorim sugere que se a caso o vendedor não dê o desconto, que fale com o supervisor ou gerente de loja que normalmente tem uma autonomia maior para descontos. No caso da dentista Juliana Santos Silva que geralmente paga as compras à vista, não havendo um acordo bom para as ambas as partes ela literalmente opta por deixar de comprar.
“Sempre pechincho, pago em dinheiro e se não tem acordo não compro mesmo. Valorizo cada centavo que ganho. Acho um absurdo não darem um desconto quando peço, que seja o mínimo possível mas tenho que ter um incentivo maior já que o meu dinheiro está na mão”.
Ela conta ainda que por ser dentista também tem clientes, e faz o necessário para que todos fiquem satisfeitos. “Meus pacientes me pedem desconto e eu dou. É claro que tem uma negociação, tudo é feito de acordo com a maneira que podem pagar, e que fique bom para os dois. E finaliza contrariada: “se eu posso dar desconto por que quando vou comprar não posso ganhar?”
Amorim lembra que o pagamento em dinheiro tem maior poder no mercado e que por isso é mais difícil de se perder na pechincha. Mas se ainda assim não houver um acordo é pertinente lembrar ao vendedor que a concorrência pode fazer um preço mais em conta e que gostaria de comprar na loja porque já está no ambiente e gostou do produto e só precisa de um desconto melhor para pode levar o item desejado.
Independentemente do sexo de quem compra, o dinheiro é igual. Mas, a maioria dos homens tem receio ou vergonha de pechinchar na hora da compra. É o caso do servidor público Ronaldo Alves. “Sempre entro na loja, vejo o que quero, pago e vou embora. Não tenho o costume de pedir desconto”.
Em geral, as lojas do comércio varejista ou atacadista já trabalham com valores pensados na barganha do cliente e quando não se pede o desconto a empresa ganha ainda mais e o comprador deixa de poupar o seu dinheiro. Por isso é importante não ter vergonha de pedir. Todo estabelecimento está preparado com margens de preços necessárias para negociar, e ainda com o desconto ele terá lucro”.
Leomar Manoel Miranda é vendedor e sabe dessa margem de negociação. Na avaliação dele, o cliente pode e deve pedir o abatimento no preço. Mas quando está na função de comprador não pede o desconto.
“Sou muito prático e não gosto de perder tempo, prefiro nem tocar no assunto para resolver logo a compra”. Edisantos Amorim orienta que para poupar o bolso tem que ter muita paciência e nada de pressa.
Exigentes, os irmãos Manoel e Ricardo França, não só pedem desconto como também avaliam o atendimento que recebem. “Acabamos de sair de uma joalheria, o produto era bom, mas não compramos porque o atendente não deu o desconto e não nos atendeu bem. Vamos continuar a procurar”.
O economista finaliza dizendo que a propaganda boca a boca continua em alta. “Se você quer comprar barato, economizar procure lugares dos quais já ouviu falar. Isso sempre funciona”.