Sem as manifestações populares, que contiveram as tarifas de ônibus, e sem a desoneração da energia elétrica, a inflação oficial de 2013, que fechou o ano em 5,91%, poderia ter sido maior. A avaliação é da coordenadora de Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes.
"A energia elétrica, cujas tarifas foram reduzidas significativamente este ano, e os ônibus urbanos que, em média, não tiveram reajuste, frente às manifestações, contribuíram muito para conter a taxa de inflação de 2013, que poderia ser diferente se não fossem esses acontecimentos", disse Eulina.
Segundo o IBGE, a redução de impostos sobre o fornecimento de energia fez com que o impacto da tarifa fosse negativo no cálculo da inflação. O índice caiu 15,6% e é o menor desde 2007 (-6,1%). "Foi a mais importante queda da série desde o início do Plano Real", reforçou Eulina. Em 2013, as passagens de ônibus quase não subiram e registraram 0,02% de aumento. Em 2012, a alta foi 5,26%.
A alta da inflação de 2013, que ficou abaixo do teto estabelecido pelo do governo (6,5%), foi impulsionada pelo aumento de preços de produtos e serviços de alimentação (8,48%), aluguel (12%) e empregados domésticos (11,2%).
De maneira geral, a especialista do IBGE acredita que os custos dos alimentos foram impactados por problemas climáticos, que prejudicaram a oferta de produtos como a batata e influenciaram o preço de commodities (produtos que têm o preço atrelado ao dólar) como o trigo.
Também pesou no bolso das famílias a refeição fora de casa. Ficaram mais caros o lanche (12,2%), o café da manhã (12%) e o cafezinho (11,7%). "As pessoas que trabalham fora têm procurado mais esse serviço", explicou Eulina.