Mato Grosso produziu menos carne em 2014 e a tendência para este ano é manter a oferta restrita. Em relação a 2013, os frigoríficos instalados no Estado encurtaram os abates de bovinos, suínos e de frangos no último ano. Apesar de liderar a produção nacional de carne bovina, as indústrias de Mato Grosso abateram quase meio milhão de animais a menos que no penúltimo ano. Em 2014 foram enviados para o abate 5,352 milhões de bovinos, sendo 8,31% a menos que em 2013, quando foram 5,837 milhões.
Em todo o país o volume de abates recuou no último ano, totalizando 33,907 milhões de bovinos abatidos, queda de 1,5% em comparação com 2013, conforme o balanço das Pesquisas Trimestrais de Abate de Animais, divulgada nesta quinta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice negativo foi puxado principalmente pela redução nos abates em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Piauí e Tocantins.
Essa indisponibilidade maior de animais para o abate se mantém neste início de 2015, como observa o gerente de Projetos da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Fábio da Silva. Ele lembra que dados recentes do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) com base em informações do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) mostram que em fevereiro foram abatidas 346,785 mil cabeças, sendo 26,17% a menos que em janeiro. “O que acontece agora ainda é reflexo do abate de fêmeas acentuado nos últimos 4 anos”. Esse processo foi deflagrado por causa da crise que se abateu sobre a atividade pecuária no início desse período. Silva diz que essa diminuição no volume de abates para 2014 já era projetada pelo setor 1 ano antes.
A oferta de carne suína também foi menor no último ano no Estado, mas cresceu no contexto nacional. Em Mato Grosso foi abatido 1,927 milhão de suínos, sendo 4,9% ou 99,440 mil animais a menos que em 2013, quando o volume de abates atingiu a marca de 2,026 milhões de cabeças. No país foram abatidos 37,118 milhões de suínos no acumulado de 2014, aumento de 2,3% em relação a 2013. Conforme os pesquisadores do IBGE, a série anual mostra que houve crescimento ininterrupto desta atividade desde 2005, culminando com novo patamar recorde em 2014.
Vice-presidente da Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Paulo Lucion expõe que a suinocultura mato-grossense experimentou um cenário semelhante ao da pecuária, com a redução de matrizes por causa da crise iniciada em 2012, com os embargos à carne suína brasileira pela Rússia. “Ainda não houve recuperação. Hoje os suinocultores estão buscando reinvestir na atividade, renovando o plantel, mas essa melhora da produtividade não vai ser notada este ano, só a partir de 2016”, pondera.
Dentre as 3 categorias analisadas, a oferta de carne de frango foi a que mais recuou em Mato Grosso, com queda anual de 33,35% no volume de abates. Enquanto em 2013 foram abatidos 252,388 milhões de frangos, no ano seguinte caiu para 168,210 milhões, numa variação absoluta negativa de 84,178 milhões de aves. Em todo o Brasil, o abate de frangos cresceu 1,9% pela mesma base comparativa e alcançou 5,496 bilhões de aves enviadas para os frigoríficos no último ano. A região Sul respondeu por 60,4% do abate nacional de frangos, com destaque para o Paraná, que lidera o ranking nacional de produção e incrementou os abates em 75,291 milhões de cabeças.