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Cerca de 200 mil cheques são devolvidos em Mato Grosso

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Mato Grosso registrou a devolução de 24,5 mil cheques em agosto. O volume correspondeu a 2,6% do total de cheques compensados naquele mês, que somou 923,1 mil documentos. No acumulado do  primeiros 8 meses do ano foram devolvidos 204,1 mil cheques no Estado, para 7,055 milhões de compensações. Os dados fazem parte do Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos.

Apesar do elevado número de cheques circulando em Mato Grosso é cada vez menos comum encontrar estabelecimentos comerciais que aceitam essa forma de pagamento, e também estão raros os clientes que usam os tradicionais talões com frequência. Isso porque ficou mais prático fazer uso dos cartões de crédito/ débito, que são mais ágeis e garantem mais conforto a quem usa. Esta é a perspectiva da historiadora aposentada, Neurami Caldas, 56, que deixou de usar cheque há mais de 10 anos.

Ela explica que para lidar com a forma de pagamento é necessário ter cuidado na forma como se usa e para quem paga. “Hoje é mais prático e seguro utilizar do cartão de crédito ou débito, apesar desta modalidade de pagamento também exigir cuidados, principalmente com os juros, que são superiores que os do cheque”.

De acordo com o Banco Central do Brasil, os juros do cheque especial subiu 2,7 pontos percentuais entre julho e agosto, alcançando 321,1% ao ano, o que foi considerado um recorde desde o começo da série história, iniciada 1994 pelo Banco Central. Contudo, conforme balanço da autoridade monetária divulgado nesta semana, os juros do rotativo do cartão de crédito chegou ao exorbitante percentual de 475,2% ao ano, uma anomalia que faz os usuários incorrerem em riscos, principalmente, quando utilizam essa modalidade de pagamento de forma arbitrária e sem planejamento. A gerente de loja Lidiane Cristina de Almeida, 30, explica que está cada vez menos usual aceitar cheque como pagamento à vista. “Os lojistas ficam com medo de serem vítimas de estelionato. Os crimes cometidos com cheques são muito frequentes, o que acaba inibindo este tipo pagamento junto às lojas”.

Lidiane pondera que apesar das nuances do uso do cheque, esta ainda é uma modalidade usual entre trabalhadores autônomos. “Em geral, as instituições financeiras liberam o talão de cheque aos correntistas após 4 anos de conta. Antes disso, é muito difícil que um banco libere cheque ao cliente”. Outra peculiaridade relatada pela gerente é que as lojas que ainda aceitam cheque como forma de pagamento fazem uma verdadeira investigação, com cruzamento de dados do cliente para não correr risco de ser vítima de uma fraude.

Na loja onde Cleidiane da Costa Rodrigues, 27, é vendedora só é aceito cheque de clientes fidelizados e já conhecidos. “Em regra geral não aceitamos cheque, mas abrimos exceções para os clientes que sabemos que não vão aplicar golpe com este tipo de pagamento”. Cleidiane relata que em 4 anos de loja já presenciou várias devoluções de cheques e avalia que este comportamento acaba sendo prejudicial para o segmento de vendas em geral, que acaba tendo que limitar as formas de pagamento por questão de segurança

BRASIL – De acordo com o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos, no Brasil foram devolvidos 1,101 milhão de cheques em agosto deste ano, sendo este o menor percentual em 12 meses, enquanto que foram compensados o total de 50,602 milhões de cheques naquele mês. O número de cheques devolvidos este ano é menor do que em igual período do ano passado, quando 1,162 milhão tinham sido devolvidos por insuficiência de fundos. Apesar de agosto deste ano ter atingido o menor patamar da inadimplência com cheques dos últimos 12 meses, foi o pior mês de agosto desde 1991, quando o indicador da Serasa Experian passou a ser feito. No acumulado do ano, o percentual também é recorde: 2,36% de devoluções por falta de fundos entre janeiro e agosto deste ano, maior que todos os percentuais registrados nos primeiros 8 meses do ano desde o início da série histórica.

Segundo os economistas da entidade, o resultado da inadimplência com cheques em agosto sinaliza que o consumidor está tentando equilibrar suas finanças, reduzindo o seu nível de consumo e renegociando dívidas, buscando sair de situações de inadimplência.

Considerando as regiões, a Nordeste foi a que teve maior percentual de devolução (4,59%) entre janeiro e agosto, enquanto que no Sudeste houve o menor percentual de devoluções (1,94%). Entre os estados, Amapá é o que teve maior quantidade de cheques sem fundos devolvidos (17,79%) entre janeiro e agosto deste ano, enquanto São Paulo teve a menor (1,79%).

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