As Forças Armadas Bolivianas, especificamente, a Aeronáutica, pode ter se apoderado das aeronaves brasileiras tomadas de assalto a mão armada no aeroporto Nelson Martins Dantas, em Cáceres. A denuncia foi feita, na noite de terça-feira, pelo major Zaqueo Barbosa, comandante do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), durante debate sobre segurança do aeroporto, na Câmara Municipal. Ao denunciar o suposto envolvimento da Aeronáutica boliviana, o oficial sugeriu gestões das autoridades brasileiras, através do Ministério das Relações Exteriores, no sentido de cobrar explicações do governo boliviano.
“Temos informes de pessoas idôneas da Bolívia de que as aeronaves estão em poder da Aeronáutica daquele país” revelou Zaqueo ao afirmar que “só não sabemos ao certo se os aviões estão sob custódia do governo boliviano ou se estão na sede da Aeronáutica para possíveis revisões”. Os informes, segundo ele, garantem apenas que as aeronaves foram vistas no local. A recomendação para que as negociações sejam realizadas através do Ministério das Relações Exteriores, de acordo com o oficial, é exatamente, para evitar comprometer a relação diplomática entre Brasil e Bolívia.
Instalado na faixa de fronteira, desde a implantação do Gefron, há quatro anos, o oficial credita a dificuldade em recuperar aviões e carros do Brasil no território boliviano a má vontade das autoridades policiais em apoiar o combate a criminalidade. “As autoridades policiais bolivianas não tem nenhum interesse em solucionar o caso. Os inquéritos são instaurados pela polícia brasileira. Mas as investigações emperram quando passa do lado boliviano”, acusou.
Questionado, o delegado-regional de polícia, Sebastião Lopes, disse que em certos casos a polícia tem nomes de alguns suspeitos e até onde possam ser encontrados. Porém, segundo ele, só pode prendê-lo com provas e isso é extremamente difícil. “Às vezes as leis deixam a polícia de mãos atadas. Não podemos prender ninguém sem provas. Por isso o trabalho é dificultado”, justificou.
Na oportunidade, um grupo de empresários, entre eles, Paulo Garcia Nano e José Maria Filho, proprietários dos dois aviões roubados no mês de maio, informaram que deixaram de aterrissar em Cáceres devido à insegurança do aeroporto. “Enquanto vai o avião a gente compra outro. A questão é a integridade física das pessoas”, assinalou Paulo Nano. “Apesar de mais dispendioso optamos por outros aeroportos, que são mais seguros”, disse José Maria, diretor administrativo da Floresteca. O presidente da Câmara, vereador Wilson Kishi, garantiu que todas as providências, a nível municipal, serão tomadas para garantir a segurança no aeroporto.