PUBLICIDADE

Greenpeace faz protesto no Nortão e ativistas são detidos

PUBLICIDADE

O Greenpeace expôs hoje a destruição das últimas áreas de castanhais nativos do Mato Grosso, na margem leste da rodovia BR-163, no município de Claudia ( 90 km de Sinop). Ativistas colocaram uma grande faixa com a palavra “Crime” em uma área desmatada para agricultura, ao lado de uma castanheira recentemente derrubada. O Greenpeace está em expedição pela BR-163 para documentar os impactos socioambientais provocados pela rodovia – cujo asfaltamento total é prioridade do governo Lula. Todos os ativistas do Greenpeace e jornalistas que acompanham a expedição foram levados ao quartel da Polícia Militar do município de Cláudia para prestar esclarecimentos e liberados na sequência, informa a assessoria da ONG.

Em carta enviada ao governador Blairo Maggi, a organização pediu urgência na criação de um parque estadual de 383 mil hectares já previsto no projeto de Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) do governo do estado, que está em discussão na Assembléia Legislativa. O parque também ajudaria a preservar as nascentes do rio Manissauá-Miçu e primatas da espécie Callicebus, identificada recentemente na região (clique aqui e saiba mais sobre o parque).

A castanheira (Bertholletia excelsa) é uma espécie nativa da Amazônia que se tornou um símbolo mundial da região. Seu fruto – conhecido como “castanha do Brasil” ou “castanha do Pará” – é rico em gorduras e proteínas: duas amêndoas têm a mesma quantidade de proteína de um ovo de galinha. Fundamental para a alimentação das populações tradicionais amazônicas e de várias espécies de animais, a castanha é um aperitivo mundialmente apreciado. Além de ser usada como ingrediente em várias receitas de alimentos, a castanha produz um óleo de alta qualidade, com larga aplicação na indústria farmacêutica e cosmética. Embora sua extração e derrubada estejam proibidos por decreto federal desde 1994, a espécie está ameaçada de extinção.

“Apesar de sua importância e do potencial de mercado, nacional e internacionalmente, a castanheira está sendo estupidamente destruída pelo avanço do gado e da soja na Amazônia”, diz Nilo d’Ávila, coordenador da campanha do Greenpeace pela proteção da região da BR-163. “O governo do Mato Grosso deve agir rápido se quiser proteger os poucos castanhais remanescentes no estado. A criação imediata do Parque Estadual das Castanheiras é essencial para a conservação da espécie e de uma região de floresta de imensa importância ecológica para inúmeras espécies de fauna e flora”.

O projeto de zoneamento do Mato Grosso tem expectativas modestas em relação à criação de novas áreas protegidas no Estado. Foram propostas 15 unidades de conservação, sendo apenas 4 de proteção integral: Apiacás, rio Madeirinha, rio Arinos e rio Manissauá-Miçu. A área total destas unidades propostas é de 21.731,5 km2, o que equivale a apenas 4,5% do bioma Amazônia no Mato Grosso. O estado tem hoje 35 unidades de conservação, abrangendo apenas 3% do seu território.

Entretanto, ao invés de dar prioridade à criação de áreas de conservação, o governo de Blairo Maggi, maior produtor individual de soja do mundo, vem permitindo a redução das já existentes. Em dezembro de 2003, o Parque Estadual do Xingu, no município de Santa Cruz do Xingu, ficou 39 mil hectares menor. Em 2004, o governo propôs a diminuição do Parque Estadual Serra de Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, em 99 mil hectares. Outras unidades, como o Parque Estadual do Cristalino, apresentam problemas crônicos de invasão por fazendeiros e madeireiros.

O Mato Grosso é, historicamente, o campeão do desmatamento na Amazônia. No ano passado, o estado foi responsável por quase a metade (48%) dos 26.130 km2 devastados na região.

“A redução de unidades de conservação no Mato Grosso ilustra uma política que prevê o desenvolvimento a qualquer custo, sem a preocupação com a preservação dos recursos naturais para as gerações futuras”, disse D’Avila.

A pavimentação total da rodovia é uma das obras prioritárias do governo Lula. Mas a situação de degradação ambiental na área da BR-163 já asfaltada no Mato Grosso mostra os riscos adicionais que serão enfrentados pelo trecho paraense da estrada, ainda sem pavimentação, caso o governo federal não se faça efetivamente presente e atuante na região antes do asfalto chegar.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

PUBLICIDADE