O procurador da República Mário Lúcio Avelar afirmou que mais de 500 empresas “fantasmas” foram constituídas em Mato Grosso com a finalidade de lastrear as fraudes no esquema de corrupção envolvendo a liberação de desmatamento. Essas empresas, segundo ele, conseguiam simular a existência de crédito florestal e obtinham as Autorizações para Transportes de Produtos Florestais, as chamadas ATPFs. Todas as empresas “fantasmas” estavam devidamente registradas no Ibama. O esquema se completava com a falçsificação dessas autorizações, que custavam em torno de R$ 2 mil.
“Mato Grosso era a grande fábrica de papel para abastecer práticas criminosas em Pará e Rondônia” – afirmou o procurador, que confirmou ter denunciado 190 pessoas acusadas de formar essa rede criminosa especializada em fraudar autorizações para retirada e transporte de produtos florestais em Mato Grosso, Pará e Rondônia. Entre os denunciados estão servidores do Ibama, despachantes e empresários do ramo madeireiro.
Avelar garantiu que há indícios e provas suficientes para incriminar todos os denunciados. Ele explicou que todos os denunciados judicialmente responderão a processo por formação de quadrilha. Entre os que estão no rol dos acusados aparece o nome do ex-gerente executivo do Ibama em Mato Grosso, Hugo José Werle. O procurador da República informou que desde o ano passado o Ministério Público Federal vem investigando a “máfia da madeira”.
Ao confirmar que o Ministério do Meio Ambiente irá confirmar na próxima semana a “moratório” de desmatamento em Mato Grosso por seis meses, o interventor do Ibama em Elielson Ayres de Souza, disse que prejuízos causados pela “máfia da madeira” entre 2003 e 2005 foram consideráveis. Ele disse que só nesse período ocorreu a destruição de 43 mil hectares de florestas. Foram retirados ilegalmente 1,5 milhão de metros cúbicos de madeira. A estimativa é de que “rombo” supere a casa dos R$ 890 milhões.