Parentes das vítimas do acidente com o Boeing 737-800 da Gol, ocorrido no dia 29 de setembro, consideram que o “erro maior” foi dos pilotos do jato Legacy, porque deveriam ter seguido o plano de vôo, independentemente da falha na comunicação com os controladores.
A afirmação foi feita por Luciana Siqueira, relações públicas da Associação dos Familiares e Amigos do Vôo 1907. O Legacy e Boeing se chocaram no ar, causando a morte das 154 pessoas que estavam no avião da Gol.
Luciana disse que os familiares já sabiam que houve erro de comunicação entre controladores de vôo e os pilotos do Legacy, como admitiu ontem o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno.
“Já estávamos sabendo de uma falha de comunicação no início do vôo. Mesmo com essa orientação indevida, ele (piloto do Legacy) poderia ter corrigido isso durante o vôo, seguindo o plano de vôo”, afirmou a representantes da associação.
Ela acrescentou que as famílias vão esperar pela apuração do erro do controlador para decidir se processam a União. “Se comprovado, teremos um processo contra a União. Acho que isso tem que ser apurado e que não tira totalmente a culpa do Legacy. Um piloto experiente sabe que tem que se comunicar com a torre, com freqüência. Mas ele ficou quase uma hora sem comunicação. É muito tempo. Por minutos ele poderia ter salvado as vidas”, enfatizou.
Durante audiência pública, realizada ontem no Senado, Bueno afirmou que uma informação errada de um radar primário pode ter levado controladores de Brasília a creditar que o Lagacy voava na altitude correta, que deveria ter sido de 36 mil pés ao passar pela capital federal. O radar primário indicava que a altitude do Lagacy era de 36 mil pés, quando na verdade o jato estava a 37 mil pés, a mesma rota do Boeing da Gol. Os pilotos do Legacy perderam a comunicação com os controladores pouco antes de passar por Brasília.