O IML (Instituto Médico Legal) de Brasília informou nesta quinta-feira ter identificado cinco corpos de vítimas do acidente com o Boeing da Gol, ocorrido no último dia 29, em Mato Grosso. Os 155 ocupantes do avião morreram na queda, e, desde a última terça (3), 18 corpos já chegaram ao instituto.
Foram identificados os corpos de Atila Rezende, Elcio Anchieta, Francisco Chagas Loiola, José Trindade e Luiz Albano Custódio. Impressões digitais e informações fornecidas pelos parentes auxiliam os trabalhos.
O IML de Brasília ainda aguarda que São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas disponibilizem os prontuários datiloscópicos completos das vítimas. A diretora de Comunicação da Polícia Civil de Brasília, Valéria Martirena, afirma que os dados poderão ser usados parta identificar os corpos que estiverem em melhores condições.
Eraldo Peres/AP
Militares resgatam corpos em área onde caiu o Boeing da Gol, em MT, e preparam traslado
Segundo ela, para esse tipo de identificação são necessárias as dez impressões digitais, e não apenas uma. Em 30 formulários da documentação que o IML recebeu só consta a impressão digital de polegares.
Vitimas
Na terça-feira, o IML recebeu os primeiros corpos –que haviam sido resgatados no domingo (1º). Os legistas confrontaram as digitais das vítimas –um homem e uma mulher– com os 75 conjuntos de digitais que estão à disposição da Polícia Civil do Distrito Federal, mas o resultado foi negativo.
Outros 16 restos mortais recolhidos pelos militares da FAB (Força Aérea Brasileira) na mata ao longo dos últimos dias chegaram na noite de ontem ao IML e deverão ser periciados a partir de hoje.
Os dois corpos analisados estavam com vários ossos quebrados e sem condições de reconhecimento pessoal. Ao analisar os traumas internos nos corpos, os peritos tentarão estabelecer em que momento do acidente ocorreram as mortes.
Identificação
No estacionamento do IML de Brasília foi montada uma operação de emergência para receber os corpos das vítimas e fazer os exames de identificação e de necropsia. Três barracas das Forças Armadas usadas em situações de guerra serão utilizadas para a realização de até sete necropsias simultâneas.
Para saber quem são as vítimas, caso elas não sejam identificadas pelos confrontos de impressões digitais, será a realização de uma análise antropológica de cada uma. Esse confronto será feito com base em informações biométricas e físicas passadas pelos parentes dos 155 mortos.
A última opção na tentativa de identificar as pessoas será fazer exame de DNA que, em média, demora até cinco dias.
Acidente
O Boeing 737/800 da Gol realizava o vôo 1907, entre Manaus e o Rio, com escala em Brasília. A aeronave caiu depois de ser atingida por um Legacy, de fabricação da Embraer, que ia de São José dos Campos (91 km a nordeste de São Paulo) para os Estados Unidos com escala em Manaus.
As 155 pessoas –149 passageiros e seis tripulantes– que estavam no Boeing morreram. O Legacy era ocupado pelo piloto e co-piloto –americanos–, dois funcionários da empresa que havia comprado o avião e um repórter do “NY Times”, além de dois funcionários da Embraer. Todos sobreviveram sem ferimentos.
A Aeronáutica informou na quarta-feira (4) que 20 militares do Centro de Instrução de Guerra na Selva, do Exército, serão enviados para auxiliar os trabalhos de resgate dos corpos. A presença dos militares do Exército havia sido reivindicada pela Comissão de Familiares dos Passageiros do Vôo 1907 à FAB, que coordena a operação.
A PF (Polícia Federal) abriu um inquérito para investigar as responsabilidades no acidente que envolveu o Legacy e o Boeing da Gol. Por meio de sua assessoria de imprensa, a PF informou que já recebeu os documentos recolhidos em investigação iniciada pela Polícia Civil. Eles serão analisados pelo delegado Renato Sayão e, de acordo com a Polícia Federal, as responsabilidades pelo acidente deverão ser apontadas apenas depois do resultado das caixas pretas.