As investigações sobre a queda do Boeing 737-800 que caiu no norte do Mato Grosso com 155 pessoas a bordo, no maior acidente aéreo da história brasileira, a Aeronáutica já constatou que o jato Legacy, da Embraer, estava na altitude errada quando se chocou com a aeronave da Gol, quando sobrevoava a Serra do Cachimbo, no sul do Pará. A apuração ganhará novos elementos hoje, quando as informações da caixa-preta do Legacy deverão ser divulgadas. As caixas-pretas do Boeing foram localizadas ontem e serão analisadas nos Estados Unidos, onde o avião foi fabricado.
Agora, as autoridades tentam descobrir porque o piloto do Legacy, Joseph Lepore, não alterou a altitude de 37 mil pés para 36 mil quando passou por Brasília, rumo a Manaus, onde faria uma escala antes de seguir para os Estados Unidos – país-sede da aérea ExcelAire, compradora do jato da Embraer. Ao passar pela capital federal, proveniente de São José dos Campos (SP), o avião deveria descer mil pés para não entrar em rota de colisão com aeronaves provenientes de Manaus, autorizadas a voar 37 mil pés. Era o caso do Boeing.
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Para dar prosseguimento às investigações, a Justiça determinou a apreensão do passaporte de Lepore e do co-piloto americano, Jan Paladino.
A Aeronáutica quer averiguar porque os controladores de vôo perderam contato com o jato pelo rádio, enquanto tentavam alertar o piloto para alterar sua rota e evitar a colisão. Em depoimento ontem, Lepore confirmou que viajava a 37 mil pés no momento da batida, relatou problemas com o rádio.
Ele também cogitou que o sistema anti-colisão do Legacy pode ter falhado, enquanto as investigações trabalham com a hipótese de ele ter desligado o equipamento para testar o avião, que tinha sido recém comprado (Lepore nega). A Aeronáutica diz que não autorizou qualquer das aeronaves a mudar sua rota e disse que ainda não é possível precisar em que altitude houve o acidente. A possibilidade de o Boeing ter alterado a rota, portanto, não está descartada, bem como há chances de ter ocorrido falha no controle de tráfego.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o motivo para a falta de contato pode ser um “buraco negro” na região do acidente. A partir de um marco conhecido como Teres, localizado a 480 km ao norte de Brasília, ocorre uma espécie de blecaute, que praticamente “corta” as freqüências de rádio. Antes do acidente, o Legacy aparecia no radar em terra apenas como um ponto sem identificação.