Movimentos anarquistas e alguns internautas têm defendido o voto nulo nas próximas eleições. Seria uma maneira de protestar contra a corrupção na política. Diante dessas manifestações, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) lançou hoje (1) uma campanha contra o voto nulo. Na nova edição da cartilha Operação Eleições Limpas, divulgada pela entidade, os magistrados dizem que “o voto nulo é um contra-senso” e “não serve para nada”.
“Não é um protesto inteligente porque vai beneficiar o mau candidato, aquele que se elege com base em esquema partidário”, argumenta o juiz e presidente da AMB, Rodrigo Collaço. “Esse protesto vai acabar alimentando essa desilusão política que vivemos no Brasil. Precisamos melhorar a nossa representação política e o voto nulo não ajuda nesse sentido.”
O escritor anarquista Roberto Freire, um dos defensores do voto nulo, lembrou, em entrevista à Agência Brasil, que o pleito pode ser automaticamente anulado se houver mais de 50% de votos nulos. Freire está entre os que defendem o voto nulo como reação à corrupção na política.
Carlos Rodrigues, do movimento Anule o Seu Voto, diz que não basta votar nulo como atitude isolada. “O importante não é só votar nulo, com ignorância. Você vai votar nulo com inteligência, protestando”, afirma Rodrigues.
O presidente da AMB reconhece que, legalmente, o voto nulo pode anular o pleito se representar mais de 50% dos votos, mas somente nas eleições majoritárias. “É uma possibilidade que considero remota”, afirma Collaço.
Segundo ele, na avaliação da AMB, alguns eleitores tendem a anular o voto principalmente a deputado federal e estadual. “Nos contatos que temos tido no Brasil, percebemos que as pessoas não votarão nulo com grande intensidade para presidente da República, governador e senador, que são as eleições majoritárias e que poderiam ser anuladas por excesso de votos nulos.”