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MPE espera anular júri que inocentou fazendeiro no Nortão

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O Ministério Público Estadual (MPE) aguarda com urgência  o deferimento do recurso que pede a anulação do júri do fazendeiro Vilmar Taffarel. Ele é acusado de mandar matar, em 2001, o ex-vereador de Vera (80 km de Sinop), Augusto Alba, mas que resultou na morte da filha do parlamentar, Keyla Suele Alba, 12. De acordo com o promotor de Justiça Paulo César Dancieri Filho, o MPE está otimista quanto à decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, considerando que a promotoria apresentou vários fundamentos, tanto para justificar a nulidade do júri quanto para ratificar a importância da realização de um novo.

‘O primeiro veredito foi contrário às provas dos autos. Enquanto todos os acusados intermediários e o pistoleiro foram condenados, só o mandante foi absolvido’. Diz ainda que a nulidade do julgamento é justificada pelo fato de que o MPE defendeu a participação da testemunha Jânio Jorge dos Santos durante todo o júri, mas este só foi chamado minutos antes do término da audiência, quando já tinha se retirado do fórum após esperar o dia todo para ser ouvido.

O recurso foi ingressado pela promotora de Justiça da comarca de Vera, Clarissa Cubis de Lima. Ela contou com o apoio do promotor Paulo Dancieri, designado para a realização dos julgamentos dos envolvidos no crime. Segundo Clarissa Cubis, mais importante agora  para ‘fazer justiça’ é que o recurso seja deferido e, ao fim, Taffarel seja condenado, a exemplo dos comparsas. Tarcísio Ribas Thiesen foi julgado na sexta-feira ( 30 de junho) e setenciado a oito anos em regime semi-aberto. Já Isaías da Silva enfrentou o júri popular no último 29 de junho, sendo condenado a 14 anos de prisão em regime inicial fechado. O autor dos disparos, réu confesso Charles Borges, levou 16 anos de prisão, em março deste ano.

A promotora pede condenação de Taffarel por homicídio duplamente qualificado, cuja pena varia de 12 a 30 anos de prisão. ‘É um caso importante na cidade. Além de culminar na morte de uma criança e estar relacionado a pessoas importantes, o crime teve cunho político. Enquanto o mandante não for setenciado, a população ficará com sensação de impunidade. Quando ele foi absolvido, em novembro do ano passado, os moradores agiram com revolta. Agora, dizem que apenas os pobres foram condenados e o fazendeiro, que tem poder político, ficou livre’, comenta. O julgamento de Taffarel teve repercussão nacional, sendo inclusive tema de um programa de uma rede de tv. Foi acompanhado por cerca de quatro mil pessoas, entre juristas, acadêmicos de Direito, políticos e curiosos.

Keyla Alba morreu no lugar do pai, o ex-vereador de Vera, Augusto Alba. Na época, ele denunciou a gestão municipal por contratar servidores temporários de forma irregular, fraude nas prestações de contas de obras financiadas pelo governo do Estado e uso indevido de máquinas da prefeitura. 

Tarcísio Ribas Thiesen foi condenado por contratar e vender uma arma para Isaías da Silva. Este, por sua vez, foi quem fez o contato com o autor dos disparos, Charles Borges. Segundo o MPE, Charles Borges chegou à casa de Augusto e pediu água. Augusto foi atingido por um tiro, mas agachou-se e se escondeu dentro da residência. Keyla, que também fugia dos disparos, foi atingida no peito e morreu.

O júri de Vilmar Taffarel foi marcado pelo retorno à advogacia criminal do ex-deputado Roberto Jefferson ( que detonou o esquema do mensalão) e que foi assistente de acusação. Taffarel foi defendido pelo advogado Claudio Alves Pereira.

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