Mais de 300 carretas e caminhões carregados ou vazios estão parados, em Sinop, em postos de combustíveis, centrais de fretes, em pátios de empresas devido ao tráfego na BR-163 estar interditado, na terceira semana de protestos dos agricultores, que não obtiveram ontem, no encontro com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, respostas para as reivindicações feitas há cerca de 10 dias. Os agricultores estão intensificando os protestos porque nenhuma reivindicação feita foi atendida até agora.
O bloqueio de cargas é geral em Sinop, Sorriso e Nova Mutum desde ontem. Em Lucas do Rio Verde cargas não passam há mais de 50 horas. Em Rondonópolis, nas BRs 364 e 163, de onde vem para o Nortão combustível, comida, gás de cozinha e muitos outros produtos, os bloqueios foram suspensos hoje de manhã e centenas de caminhões e carretas que estavam parados seguiram viagem. Houve tumulto, confusão e ameaça de incendiar uma carreta.
Em Nova Mutum, caminhoneiros que não consseguiram passar fizeram uma espécia de bloqueio paralelo impedindo os carros (que estão com tráfego liberados pelos produtores) de seguir viagem. “Não conseguimos ir para o Nortão nem retornar para Cuiabá”, disse, há instantes, por telefone, ao Só Notícias, um profissional liberal que está parado, no manifesto, em Nova Mutum.
Em Sinop houve um princípio de tumulto com um caminhoneiro, hoje de manhã, que queria passar. A Polícia Rodoviária chegou a pedir reforço e a situação foi contornada. Caminhões e máquinas foram colocados na rodovia e montado acampamento ao lado.
Os bloqueios de cargas – que não têm hora para terminar- começam a gerar desabastecimento em algumas cidades. Em Vera ( 80 km de Sinop) o estoque de óleo diesel acabou e a prefeitura suspendeu, a partir de amanhã, o transporte escolar.
Em outras cidades da região, postos de combustível confirmam que os estoque estão acabando e há risco de desabastecimento nas próximas horas. Em Diamantino, em Água Boa e Comodoro as rodovias segume bloqueadas para passagem de carretas e caminhões
Os agricultores apresentaram 13 reivindicações do movimento Grito do Ipiranga. Mas fontes apontam que, se forem atendidas pelo menos 4 itens, os bloqueios devem ser encerrados:
1- Pacto de 180 dias com todos os credores, sejam eles empresas e/ou instituições financeiras dos setores privado e público.
Neste período, precisamos de apoio do governo para construir um plano de refinanciamento dos débitos. Solicitamos que neste período nenhum produtor seja incluído nos sistemas de restrição de crédito, como Serasa, Cadin, protesto ou ajuizamento. Esta medida é emergencial dada a total falta de liquidez do setor.
2- Desoneração do óleo diesel.
Somente com o frete estamos gastando cinqüenta por cento (50%) da nossa produção.Com o fim da subvenção do óleo diesel em 2001, o item passou a ser um dos mais caros do mundo e principal responsável pelo aumento do custo de produção da agropecuária.
3- Cumprimento da Política Agrícola prevista na legislação vigente
A garantia de preços mínimos está prevista na Lei 8171/91, que institui a política agrícola brasileira, e na Lei 4504/64, que institui o Estatuto da Terra, e no Artigo 187 da Constituição Federal. Os preços fixados atualmente não cobrem os custos de produção.
4- Alocação de recursos suficientes para sustentação de preços.
Ampliação do teto para AGF, EGF, PEP e contrato de opção com recursos liberados diretamente ao produtor.