Uma grande mobilização para adoção das crianças que estão atualmente sob a tutela do Governo do Estado está sendo organizada pela Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social (Setecs) em parceria com as promotorias e juizados da Infância e Juventude, lideranças religiosas e a sociedade em geral.
A secretária da Setecs, Terezinha Maggi, e a promotora da Vara da Infância de Juventude de Várzea Grande, Silvana Vianna, estiveram reunidas nesta quarta-feira (26.04) discutindo uma maneira de sensibilizar e mobilizar toda a sociedade para a importância da adoção destes meninos e meninas abandonados pelas famílias e vítimas da exclusão social.
O foco desta campanha são as crianças que estão no Lar da Criança, prontas para a adoção, mas muitas vezes por não serem mais bebês, apresentarem algum tipo de trauma ou anomalia, devido aos sofrimentos aos quais foram submetidas antes de chegarem à instituição, e outros problemas sociais decorrentes da falta de estrutura familiar, são preteridas por candidatos à adoção.
“Elas fogem do padrão que as pessoas procuram na hora de adotar uma criança”. São vítimas do abandono e somos todos responsáveis por estes meninos e meninas que eu chamo de ‘filhos do Estado e da sociedade’. Nosso objetivo é apresentá-los à sociedade e sensibilizar pais e mães sobre a carência que estas crianças têm de um lar, uma família. Se não fizermos nada por eles, ninguém fará, pois os pais, a família, que seriam seus protetores e defensores, não os querem”, disse a secretária Terezinha Maggi.
A promotora de Várzea Grande mostrou-se muito preocupada com a questão e disse estar disposta a auxiliar o Governo nesta campanha. Somente no Lar da Criança há 27 crianças de Várzea Grande abrigadas e tuteladas pelo Estado. Silvana Vianna destacou ainda que analisará todos os processos destas crianças afim de verificar quais já estão prontas para a adoção.
“Sou a favor de mobilizarmos a sociedade, as lideranças religiosas e a comunidade em geral para enxergar o problema e ajudar o Governo e o poder judiciário a encontrar soluções para o problema. Estas crianças já sofreram muito na vida e merecem ser felizes ao lado de uma família que as acolha com amor, afeto e carinho”, afirmou a promotora de Várzea Grande.
Outra preocupação e motivo pelo qual a secretária Terezinha Maggi disse que vai se engajar na campanha é o fato de que as crianças só podem permanecer no Lar até completarem doze anos, pois o regime da casa é para abrigar meninos e meninas de zero até doze anos. A partir daí, se elas não forem reintegradas à família, ou irem para um lar adotivo, só resta a opção de irem para casas de apoio, de retaguarda ou similares, que cuidem de meninos e meninas acima desta idade.
Durante a permanência na casa, elas são matriculadas na escola, fazem seis refeições diárias e participam de atividades culturais e recreativas. Além de serem acompanhadas diariamente por profissionais como psicólogos, assistentes sociais, médicos, dentistas, enfermeiros, nutricionista, orientadores, entre outros. Todas as despesas da instituição são custeadas pelo Governo do Estado.
“Eu desejo que estas crianças encontrem o mesmo amor e carinho que recebem no Lar, os mesmos cuidados, fico imaginando o que será destes meninos e meninas quando não puderem mais permanecer conosco, para onde vão, que destino terão na vida. Meu sonho é que no final do ano muitas destas crianças tenham um lar para celebrar o natal em família”, destacou Terezinha Maggi.
Lar da Criança II
Outro assunto discutido pela secretária com a promotora Silvana Vianna foi a instalação de uma unidade similar ao Lar da Criança em Várzea Grande. De acordo com a promotora, a cidade precisa de um abrigo aos moldes do que existe em Cuiabá, mas a proposta apresentada pela prefeitura do município não atende as exigências e especificidades que a casa deve ter para abrigar crianças em risco social.
Por não ter uma instituição que desempenhe estas funções, as crianças de Várzea Grande são encaminhadas para o Lar, em Cuiabá, mantido e coordenado pelo Governo do Estado, que assume esta responsabilidade devido ao motivo da administração da Capital também não ter condições de arcar com as despesas de um abrigo que presta as funções como o Lar.
A secretária Terezinha Maggi disse que as crianças de Várzea Grande só sairão do Lar da Criança depois que a promotoria da Infância de Juventude do município der o aval para que elas possam ir para a nova instituição, garantindo que elas terão o mesmo tratamento recebido pelo abrigo do Governo. A promotora Silvana afirmou que elas só irão para a Várzea Grande se o município se adequar as exigências do Ministério Público.