O PMDB encena dar uma “guinada” no seu destino para 2006. Depois de três dias de reuniões, debates e avaliações da conjuntura política estadual e nacional – incluindo a visita dos dois presidenciáveis a Mato Grosso, Anthony Garotinho e Germano Rigotto – vários líderes do partido já admitem a tese da candidatura própria. E um nome surgiu com relativa força: José Carlos do Pátio, deputado estadual de dois mandatos. “Se tivermos um candidato, vamos apoiar esse candidato” – disse o deputado Silval Barbosa, presidente da Assembléia Legislativa.
O nome de Pátio como candidato ao Governo aparece no momento em que o PMDB estava praticamente sem opções, muito próximo de fechar um entendimento para apoiar o nome de Blairo Maggi à reeleição. Por duas razões: o partido não tinha nomes e decidiu, em Mato Grosso, privilegiar o projeto nacional da candidatura a presidência da República. Como candidato a reeleição, por sua vez, Maggi buscava um nome viável a quem apoiar. Na aliança de Maggi, o PMDB ainda poderia negociar apoios.
Pátio foi candidato a prefeito de Rondonópolis, cidade base eleitoral do governador Maggi. Ele ficou atrás de Adilton Sachetti, prefeito ligado ao governador, e do deputado federal Welington Fagundes (PL). Um dos fatores que move, porém, o deputado a assumir a possibilidade de vir a ser candidato a governador é uma pesquisa eleitoral, feita por instituto de Cuiabá, realizada em Rondonópolis, onde aparece com 51% de aprovação ao seu trabalho como parlamentar na região Sul do Estado.
Candidatura própria no PMDB sempre foi, em verdade, um dos grandes anseios da base do partido. Com uma militância fiel, o partido há 18 anos ocupou o poder, com Carlos Bezerra. Depois de quatro anos o PMDB tentou, sem êxito, permanecer no Governo com a candidatura de Agripino Bonilha Filho. A partir daí, a sigla não teve mais candidato ao Governo. Na majoritária, foi do próprio Bezerra uma candidatura majoritária vitoriosa, ao Senado Federal, quando Dante de Oliveira, do PSDB, chegou ao Governo. Naquela ocasião, o PMDB teve Márcio Lacerda como vice. Quatro anos se passaram e o partido rompeu com os tucanos no poder e tentou uma vitória aliando-se ao PFL – atitude considerada a mais estranha politicamente.
Pátio é um político que fala a língua da militância, embora seus vínculos sejam muitos efetivos com Carlos Bezerra, verdadeiro cacique partidário ao qual são atribuídas importantes vitórias na mesma proporções de retumbantes fracassos e erros de condução partidária. Entre os últimos fracassos, está as articulações que realizou quando o partido buscava a filiação do governador Blairo Maggi. A avaliação das possibilidades de Pátio levar adiante o projeto da candidatura própria passa fundamentalmente pelos interesses do velho político, que ainda reluta em se aposentar das urnas. Dai não estar descartada a hipótese de o PMDB apoiar o próprio Maggi.
Em seu discurso partidário, para militância, Pátio aparece como defensor da manutenção da verticalização. A ponto de considerar que a medida do Tribunal Superior Eleitoral não prejudicar o PMDB no Estado. “Para mim a situação do PMDB é irreversível, tem que ter candidatura própria. O partido não pode ficar fazendo conjunturas. Eu acredito que a candidatura própria é preponderante” – frisou, ao mencionara hipótese de vir a ter seu nome levado às urnas. “A verticalização é uma forma de mostrar fidelidade, comprometimento com o seu partido. Tem a cláusula de barreira que eu acho que é preciso criar critérios para isso, porque um partido como o PC do B não pode ser prejudicado neste contexto todo. Mas nós temos que fazer uma reforma política onde acha fidelidade partidária”.
Durante a visita do pré-candidato do partido à Presidência da República, Anthony Garotinho à Cuiabá, no último sábado, Zé Carlos do Pátio ainda reafirmou seu apoio à candidatura do ex-governador do Rio de Janeiro e afirmou que o Sul do Estado está com um “sentimento forte” para a candidatura própria no Estado e irá apoiar Garotinho em nível nacional. “No momento exato vamos a definir o candidato no Estado, mas ele terá que ser compromissado com políticas sociais, porque o que está acontecendo hoje é que estamos num discurso de só um setor da sociedade e nós temos que ampliar este discurso” – finalizou.