A partir do 2º semestre deste ano, o Centro Estadual de Educação Profissional e Tecnológica (Ceprotec), que atualmente possui unidades de ensino em Barra do Garças, Rondonópolis, Alta Floresta e Sinop, passará a contar também com unidades em Tangará da Serra, Diamantino, Pontes e Lacerda e Confresa.
Nesta entrevista, o presidente do órgão, Luiz Fernando Caldart, 39 anos, fala sobre o trabalho desenvolvido em 2005 e os desafios a serem enfrentados em 2006. No ano passado, o Governo do Estado qualificou, através do Ceprotec, aproximadamente 8 mil pessoas. Além de cursos técnicos, o órgão também oferece cursos de formação inicial e continuada.
1 – Quais são os desafios para 2006?
Os desafios são muitos, principalmente se considerarmos que em 2005 o Ceprotec teve uma evolução muito grande no número de alunos atendidos, passando de 3.743 para aproximadamente 8 mil. Para este ano, ainda estão previstas as instalações de quatro novas escolas: Tangará da Serra, Diamantino, Pontes e Lacerda e Confresa.
2 – Quando essas unidades começarão a funcionar?
Os cursos devem iniciar no 2º semestre. Acreditamos que até o mês de março as obras estarão concluídas e aguardamos a liberação de mais um repasse de recursos do Proep para aquisição dos equipamentos necessários para a realização dos cursos. Provavelmente, entre os meses de março e abril os servidores aprovados em concurso para atuarem nessas unidades serão convocados para ajudarem na instalação dos equipamentos e elaboração dos planos de cursos.
3 – Existe uma previsão de quais cursos serão oferecidos nessas novas unidades?
Nós fizemos um levantamento da demanda nessas regiões e as necessidades de cursos foram apresentadas de acordo com a vocação econômica de cada município pólo. Em Tangará da Serra, por exemplo, teremos cursos nas áreas de turismo e pecuária. Na região de Diamantino, serão oferecidos cursos na área da saúde e turismo. Em Pontes e Lacerda, a área da pecuária também será contemplada. Esse levantamento foi feito com envolvimento de toda a comunidade, sociedade civil organizada, Conselhos de Classe e Conselhos do Trabalho.
4 – Com o funcionamento dessas novas unidades, quantos municípios passarão a ser atendidos pelo Ceprotec?
Nós acreditamos que cada pólo beneficiará, no mínimo, 10 municípios. Em Tangará da Serra, iremos atender a região dos Parecis; Em Pontes e Lacerda atenderemos o Vale do Guaporé e, em Confresa, atenderemos a região do Vale do Araguaia que hoje está desprovida de cursos profissionalizantes. Atualmente nós contamos com 04 unidades de ensino, mas atendemos através de parcerias 34 municípios. Em 2004, o Ceprotec havia atendido apenas 09 municípios. Com a abertura dessas novas unidades, conseguiremos ultrapassar o número de municípios atendidos em 2005.
5 – Como são feitas essas parcerias?
No ano passado o Ceprotec desenvolveu projetos em parcerias com órgãos públicos e também com empresas privadas. Nesse último caso, além de proporcionarmos a qualificação da população também garantimos um nível maior de empregabilidade, uma vez que foram os próprios parceiros que apresentaram a demanda pré-existente.
6 – O órgão pretende dar continuidade a esse trabalho?
Este ano, já começamos a fechar parcerias com outras instituições privadas. Podemos citar como exemplo, a própria Sadia e o Sindicato dos Madeireiros de Sinop. Estamos também em fase final de concretização de uma parceria com o Senai. É um projeto de inclusão digital, em que o Governo do Estado, através do Ceprotec, utilizará a unidade móvel do Senai para que fique à disposição de 11 municípios no exercício de 2006. Estaremos atendendo Rosário Oeste, Nobres, Nova Marilândia, Arenápolis, Barra do Bugres,Alto Paraguai,Denise, Nova Olímpia,Nortelândia,Santo Afonso, enfim são 11 municípios . Esse é um projeto que com certeza vai ser um sucesso, pois levaremos tecnologias novas para essas pessoas que não têm acesso a esse tipo de conhecimento.
7 – O Ceprotec desenvolve algum projeto nos municípios que integram a Baixada Cuiabana?
No ano passado, seis munícipios da Baixada foram atendidos, beneficiando aproximadamente 542 alunos. Pretendemos em 2006 repetir esta ação. Estamos desenvolvendo uma parceria com a Casa Civil, Casa Militar, Setecs, Seduc e Associações de Líderes Comunitários para capacitação de presidentes de bairros. Só em Cuiabá e Várzea Grande serão atendidos em torno de 240 líderes.
8 – Qual é o perfil dos alunos atendidos pelo Ceprotec?
Nós procuramos atender pesssoas comprovadamente necessitadas. São pessoas que estão à margem do processo de trabalho e que não possuem condições financeiras para se qualificarem ou melhorarem seu nível de escolaridade. Entre os requisitos observados durante o processo seletivo estão o fato do aluno ter concluído o ensino fundamental e médio em escola pública, estar desempregado ou possuir renda familiar baixa.Ou seja, quem realmente não tem condições de pagar pelo curso.
9 – Em sua avaliação, Mato Grosso possui uma Educação Profissional consolidada?
Estamos começando um trabalho. O Ceprotec é uma instituição que tem apenas dois anos. Não podemos deixar de destacar que começamos bem, com o pé direito, principalmente se consideramos que o governo de Mato Grosso foi pioneiro ao garantir constitucionalmente recursos para Educação Profissional. A liderança e a credibilidade do governador Blairo Maggi foram determinantes para aprovação de uma Emenda Constitucional que estabeleceu um percentual da arrecadação para criação de um Fundo destinado para execução da Política Estadual de Educação Profissional. Isso, inclusive, tem servido de exemplo para outros estados.
10 – Qual é o orçamento anual do Ceprotec?
Nós trabalhamos em 2005 com um orçamento de aproximadamente 12 milhões . Este ano, temos uma previsão de aumento. Mas, esse percentual dependerá da variação da arrecadação estadual.
11 – Em nível nacional, como estão as discussões em torno da Educação Profissional?
Em 2005, foi criado um fórum para discussão sobre a Educação Profissional. Mato Grosso, inclusive, foi escolhido para representar a região Centro-Oeste. Desde então, temos discutido propostas para viabilização de recursos para manutenção e expansão da rede de educação profissional, uma vez que o Proep (Programa de Expansão da Educação profissional) se encerra este ano e ainda há nada previsto para continuidade desse financiamento. Também estamos discutindo a criação de um fundo para viabilizarmos a inclusão de profissionais da educação profissional de redes estaduais no programa de capacitação do governo federal. Trabalhamos também no estudo e revisão dos referenciais curriculares e ainda na integração do ensino médio com o técnico.