O instrutor jovem Jilcimar Tavares, de 20 anos, acusou hoje dois policiais militares em Sinop de agressão. Com o olho roxo e outros hematonas, Jilcimar disse que foi espancado na sexta-feira à tarde. Ele foi detido na Praça União, onde daria aulas de break em projeto desenvolvido pela Central Única das Favelas (Cufa), para moradores do bairro Residencial Jequitibás. Em entrevista ao Só Notícias, contou que estava com dois amigos, quando os policiais, sendo um moreno, aproximadamente 1,75 metros e outro branco, olhos verdes, mesma estatura, chegaram e pediram os documentos.
Jilcimar disse que estavam em sua casa, mas que poderia buscá-los. Ele relata que “o policial, se mostrando alterado, nervoso, nos disse que estávamos detidos por estar sem documentos e que o local era suposto ponto de tráfico de drogas. Fui tentar um diálogo, dizendo que estudava e que neste dia em questão tinha uma prova importante, que naquele espaço tinha projetos sociais, para resgatar o ambiente e disse ainda que ali tinha pessoas de bem”, contou.
Jilcimar e o amigo foram levados para a companhia do bairro Boa Esperança onde teria ocorrido a agressão. “Passados 15 minutos, veio o policial, falando e batendo no meu amigo que levou vários socos no peito. Cheguei a ter a sensação que, por ter tentado um diálogo com eles, não iriam bater em mim, mas foi só ilusão”, comentou. “O policial me perguntou sobre o que eu estava fazendo em lugar daqueles (Praça União). Repeti novamente que lá ministro aulas de dança e sou membro da CUFA. O policial afirmou que ali não freqüentavam pessoas de bem, que todos são vagabundos e ainda me perguntou, ‘sua mãe vai num lugar daqueles?'”, acrescentou.
“Fui verídico e falei que sim, que ela freqüentava, até por acreditar no trabalho que desenvolvo, e creio que ele entendeu como provocação. Começou a tortura sobre mim, ele me espancou muito, parecia que tinha raiva de mim, bateu por muito tempo, só parou quando viu que eu estava muito mal, que os hematomas tomavam meu corpo”, descreveu.
Depois de apanhar, Jilcimar disse que foi colocado, com o amigo, na viatura policial
“Nos deixaram lá dentro, amontoados um sobre o outro. Até um policial queria ser gentil e falou para o que me agrediu levar-me para o hospital, mas ele (agressor) disse que eu seria levado para a Polícia Civil”, relatou.
A vítima ainda contou que passou a noite na delegacia e foi liberado apenas no sábado. Segundo Jilcimar, não foi possível identificar os agressores pois seus nomes não estavam na farda. “Consigo reconhecê-los, mas no dia que eu fui atrás deles (policiais), não deixaram vê-los, nem minha mãe. Acho que eles ficaram com medo de reconhecê-los. Eu e os outros rapazes vimos eles, mas estão com medo”, salientou.
Outro lado
Procurado por Só Notícias, o comandante do CR3 (Comando Regional), coronel Elierson Metelo, disse que tomou conhecimento do caso hoje e que uma investigação será realizada. De acordo com ele, a vítima já foi ouvida por um oficial (ainda no domingo) e o depoimento será encaminhado ao Comando Geral da PM.
“Tomamos conhecimento hoje. Está sendo aberto procedimento pela corregedoria. É uma versão dele que será apurada, se houve ação ilegal e moral dos policias”, declarou o comandante. De acordo com Metelo, deve ser analisada a instalação de procedimentos, sendo inquérito, sindicância ou processo disciplinar.
Após a análise da instituição, o caso deve ser encaminhado à Justiça Militar, que fará o julgamento.
(Atualizada às 22:31hs)