A situação crítica que chegou ao Parque Nacional da Chapada dos Guimarães agora ha muito estava anunciada. Pelo menos há mais de um mês, desde o final de julho, incêndios vêm consumindo a vegetação seca pelo período de estiagem. No dia 29, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis da Amazônia (Ibama) registrou três grandes focos de incêndio no interior do parque. Um desses focos chegou a ficar fora de controle devido aos fortes ventos. O incêndio foi combatido por 23 brigadistas e quatro homens de comando.
Era o suficiente para que medidas de resguardo fossem adotadas pelas autoridades, mas quase nada foi feito. A região onde pegou fogo era – a exemplo do que acontece agora – de difícil acesso devido ao relevo íngreme e à ausência de estrada para chegar até o foco. O combate ao incêncio ocorreu pela Fazenda Jatobá, vizinha ao Parque Nacional, que vem colaborando com os serviços da brigada. O incêndio de final de julho iniciou-se próximo à região da Salgadeira, à beira da MT-251, provavelmente devido a vandalismo.
Os outros dois focos foram combatidos com sucesso pelas equipes de brigadistas naquela ocasião. Um incêndio aparentemente iniciado em uma chácara do entorno do Parque atingiu uma morraria próxima ao rio Coxipó e consumiu cerca de 14 horas de trabalho de 18 homens. Um dia depois, um foco no Portão do Inferno, iniciado às 11 horas, provavelmente por velas de trabalho religioso, só foi controlado às 19 horas, ocupando cerca de 22 homens no combate. Um analista ambiental e dois brigadistas tiveram ferimentos leves. Um terceiro brigadista foi hospitalizado com graves cãibras.
Aproximadamente 15% da reserva do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães já foi devastada. “O incêndio tomou proporções muito grandes, aproximadamente 10 quilômetros de linha e isso dificulta bastante o combate” – afirmou o major Abadio Cunha, da Defesa Civil, ao se referir ao ponto crítico a que se chegou agora os incêndios. As equipes chegaram a usar aviões para combater o incêndio. Eles fizeram várias viagens e despejaram água em alguns pontos onde o combate por terra está impossível. Mas as operações tiveram que ser interrompidas depois que o fogo voltou a atingir as áreas de montanhas.
A reserva, que recebe 120 mil turistas por ano, está fechada para a visitação desde que o incêndio atingiu as atuais proporções. O fogo, embora comum nesta época do ano, são causados por atividades humanas ilegais; muitas vezes, simples atos de vandalismo. “O prejuízo é enorme em todos os sentidos. Financeiro, social, um prejuízo de saúde imenso para a população, e um prejuízo ambiental incalculável que vai ter o estado do Mato Grosso” – acredita Rodrigo Faleiros, coordenador do Prev-Fogo, do Ibama.