O Airbus A320 da TAM que protagonizou o pior acidente da história da aviação brasileira estava em “perfeitas condições” de uso, segundo o presidente da companhia aérea, Marco Antonio Bologna. O avião fazia ontem (17) o vôo JJ 3054 e explodiu após se chocar contra um terminal de cargas da própria TAM, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com 186 pessoas a bordo. Já foram localizados 165 corpos.
Perguntado sobre a capacidade do Airbus e se estaria com passageiros além da capacidade, Bologna declarou que o vôo estava “com 100% de aproveitamento”. Inicialmente, respondeu que o avião dispõe de 174 assentos para passageiros, além de outros dois na cabine e mais quatro para os tripulantes, o que totalizaria 180. Em seguida, corrigiu-se e afirmou que o número pode variar, não ultrapassando “185 almas a bordo”.
Embora considere recomendável aguardar pela conclusão das investigações antes de opinar sobre as possíveis causas do acidente, Bologna disse que a falta de groovings (ranhuras feitas na pista para permitir o escoamento da água da chuva) não impede que o aeroporto funcione.
“A pista de Congonhas foi reformada recentemente e o que não foi realizado [os groovings] não a torna inoperante, nem menos segura. O seu funcionamento depende não só das condições da lâmina d´água, como de vento. Então, depende muito da ocasião. A pista já foi utilizada sem ranhuras antes da reforma da pista. O importante é que aguardemos pelo fim das investigações para falar sobre as causas do acidente”.
Bologna alegou que o aeroporto, no passado, já operou com mais vôos do que hoje. No entanto, não afastou a possibilidade de reduzir a quantidade de vôos caso a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determine. “A TAM é cumpridora das determinações do poder concedente”.
Perguntado sobre a crise que o setor aéreo atravessa desde o acidente com o Boeing da Gol, em setembro de 2006, o presidente da TAM disse que a discussão é “mais ampla”. “Acho que o Brasil vive um momento bastante forte de crescimento de renda, o que gerou um aumento do número de passageiros. Existem alguns problemas infra-estruturais, mas eu acredito que as autoridades já estão procurando tomas as providências”.
Sobre o número de funcionários que estavam no terminal de cargas no horário do acidente, o presidente da TAM estimou entre 55 e 60, mas não informou quantos morreram. “Em horários de pico”, completou, “o total pode chegar a 380 funcionários, entre próprios e terceirizados”.