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Crianças adotadas por alemães voltam às suas origens em Mato Grosso

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Mara nasceu em Várzea Grande, em 10 de julho de 1993. Recém nascida, foi abandonada pela mãe, que não tinha condições financeiras para alimentá-la. Hoje, aos 14 anos, faz apresentações de piano, que toca desde os cinco. Fala inglês, francês e alemão. Inteligente e com um discurso bem articulado, diz que vai estudar biologia marinha, mas que sempre será cidadã do mundo. Mara e seu irmão Dário, 11 anos, também várzea-grandense e de origem muito pobre, mas filho de pais biológicos diferentes, vivem hoje na Alemanha. São um exemplo de adoção internacional bem sucedida. Estão no Brasil há três meses com a mãe adotiva Myrian Zóller para conhecer suas origens e aprender português. “Aqui não me sinto turista. Este é o meu país e esta terra, estas pessoas, fazem parte da minha história”, comenta a adolescente , que ora fala em inglês, ora em alemão.

A história comum de Mara e Dário começou muito antes do seu nascimento, no início da década de 90, quando a professora universitária de origem sueca mas radicada na Alemanha, Myrian Zóller, decidiu adotar crianças brasileiras. Myrian tinha uma amiga que passava seis meses por ano em Cuiabá. Essa amiga a colocou em contato com uma advogada, que tratou das questões legais relativas à adoção.

“Na ocasião das duas adoções Myrian passou quatro meses aqui em Cuiabá, respeitou todos os prazos do período de convivência com os recém-nascidos, obedeceu todos os procedimentos legais que uma adoção exige”, observou a advogada Leila Francisca.

Depois da experiência bem sucedida em 1996, quando adotou Mara, Myrian e seu marido voltaram a Várzea Grande para adotar outra criança, quando seus destinos cruzaram com o pequeno Dário. “Eu queria que a Mara tivesse alguém em sua família para compartilhar sua experiência de vida. Alguém que a compreendesse melhor que todos nós, alguém que tivesse uma história e emoções semelhantes para dividir”, explicou a mãe adotiva.

Mara e Dário cresceram sabendo que eram filhos adotivos e que sua origem era brasileira. Ainda crianças, ouviam da mãe adotiva que eles fariam uma longa viagem às suas origens assim que tivessem maturidade para compreender tamanha diferença cultural. Segundo Myrian, Mara e Dário aguardavam com muitas expectativas o reencontro com o Brasil. Na quarta-feira 22, eles visitaram um abrigo público (orfanato) para crianças em Cuiabá. Ao todo, Mara e Dário vão passar cinco meses no Brasil, entre Mato Grosso e Rio de Janeiro, onde estão freqüentando uma escola para crianças alemãs.

Ao contrário do irmão, Mara já consegue articular algumas frases em português. O largo sorriso, os gestos amplos e o jeito de morena brejeira denunciam se tratar de uma típica brasileira, apesar do sotaque alemão. “Eu quero muito falar português, mas é muito difícil”, desculpa-se em português, ao lado de Dário, que pergunta à mãe do que sua irmã está falando.

Mara explica que na escola que freqüenta, na cidade de Karlsruhe, são raras as crianças adotadas. A excepcionalidade leva os colegas a questionar sobre seus pais biológicos, o que não causa nenhum desconforto à adolescente devido à postura de seus pais adotivos, que sempre falaram a verdade sobre a origem dos filhos. “Eu tive muita sorte, minha história é muito feliz. Minha história é especial e não tenho problemas em dividir isso com as pessoas”, ressalta.

ADOTAR É LEGAL – A alemã Myrian Zóller e seus dois filhos adotivos fizeram uma visita à Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), organismo da Corregedoria Geral da Justiça/Tribunal de Justiça de Mato Grosso. A Ceja lançou em maio passado o programa Adotar é Legal, que prevê ações permanentes de incentivo à adoção por vias legais.

O Adotar é Legal também engloba uma série de projetos inéditos em Mato Grosso, voltados para a adoção. Um deles, as Casas Lares, visa abrigar crianças e adolescentes disponíveis para adoção em estabelecimentos públicos com as mesmas características de uma moradia familiar. Este projeto já funciona de forma bem sucedida em estados do Sul e Sudeste do país. Consiste na construção de casas onde as “mães” sociais (casal) são servidores do Estado que cuidam dos adolescentes. Menores nesta faixa etária tem mais dificuldade de encontrar pais adotivos.

O Adotar é Legal também implantou o Pré-natal da Adoção, através do qual os pretendentes a pais adotivos recebem assistência jurídica, psicológica e social.

Mato Grosso também aderiu ao Infoadote, que consiste em um cadastro nacional de crianças aptas à adoção, separado por cidades de origem.

Outro projeto é o incentivo ao Apadrinhamento, que é voltado especialmente para crianças com deficiências mental ou física. Carentes de mais cuidados e atenção, estas crianças nem sempre são aceitas à adoção.

Existem em Mato Grosso 195 pais pretendentes à adoção e 24 crianças e adolescentes disponíveis para esse fim. Há ainda 1.198 processos de adoção em andamento e outras 2.056 crianças e adolescentes em processos de guarda (geralmente com familiares). Correm nas Varas da Infância e Juventude 847 processos de destituição de poder familiar e 235 pedidos de habilitação para a adoção (dados de maio/2007).

A área da Infância e Juventude, ao lado do Sistema Prisional, foi eleita como prioridade da gestão 2007/2009 do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e da Corregedoria Geral da Justiça.

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