A segunda-feira 29 marca uma triste data para familiares e amigos de 154 pessoas, que morreram num acidente trágico no Norte de Mato Grosso, há dois anos, considerado o segundo maior da aviação brasileira. O boeing 737/800 da Gol caiu na região de Peixoto de Azevedo (200km de Sinop), após ser atingido pelo jato Legacy, pilotado por norte-americanos.
Um processo corre na Justiça Federal de Sinop e os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que se chocou a aeronave comercial e provocou a tragédia, não foram ouvidos até hoje.
Quatro controladores de vôos que foram denunciados junto com os pilotos norte-americanos como responsáveis pela tragédia já foram ouvidos. Para o dia 25 de novembro está prevista uma audiência para ouvir o funcionário da Embraer Daniel Robert Bachmann, citado pelo Ministério Público Federal.
Já os pilotos conseguiram o direito de serem interrogados por carta rogatória, no país deles, embora antes de serem liberados do Brasil garantiram que retornariam a todos os atos do processo. Não foi o que aconteceu.
Em despacho do juiz federal de Sinop, Murilo Mendes, no dia 19 deste mês, o magistrado voltou a expressar descontentamento pela demora no cumprimento dos trâmites no EUA, por parte das autoridades judiciais do país, a exemplo do interrogatório dos pilotos. Ainda não há resposta.
Respondem pela tragédia os controladores de vôo que trabalhavam na torre de Brasília no dia 29 de setembro de 2006 Jomarcelo Fernandes dos Santos, Lucivando Tibúrcio de Alencar, Leandro José dos Santos de Barros e Felipe Santos dos Reis, além dos pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Eles são acusados de “expor a perigo aeronave” com duas qualificadoras, a de sinistro e morte. Jomarcelo responde por crime doloso (com intenção) e os demais por culposo (sem intenção).
Na hora que colidiu com o Boeing, o Legacy estava a 37 mil pés, e não a 36 mil pés como previa o plano de vôo. Os pilotos não verificaram o plano e também não foram alertados pelos controladores.
A Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907 realiza missas desde ontem em vários locais onde há familiares das pessoas que morreram no acidente. As famílias que moram em Brasília farão, amanhã, um ato especial no Jardim Botânico, onde foram plantadas 154 mudas de ipês em homenagens às vítimas. A presidente da associação, Angelita Rosicler de Marchi, que perdeu o marido no acidente, revelou que a intenção era que todas as famílias participassem desse ato em Brasília.