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Nortão: mais de R$500 mil em multas aplicadas na ‘Guardiões da Amazônia’

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Flagrante de transporte e comercialização de madeira ilegal marcou os primeiros momentos da ação deflagrada pelos agentes de fiscalização do Ibama que participam da Operação Guardiões da Amazônia, com o apoio da Força Nacional de Segurança, na última quarta (17), em Marcelândia (210km de Sinop). Apenas no primeiro dia de ação, foram apreendidos 1.900 metros cúbicos de madeira e lavradas 11 multas, superando R$500 mil.

Equipes do Ibama e de policiais entraram no município por diferentes rotas à noite com o fim de surpreender o transporte ilegal de madeira. Na entrada da cidade, foram flagrados 5 caminhões carregados de 91,86 metros cúbicos de madeira em tora e 15,45 serrada. A carga são espécies valorizadas comercialmente como itaúba, cambará, peroba, champanhe e angelim e foi avaliada em R$ 63 mil.

Os motoristas não apresentaram documentação do veículo nem da madeira. Dois deles sequer portavam CNH, tática utilizada para dificultar a fiscalização. Um outro alegou falsamente ser estrangeiro e além da multa pela madeira, foi autuado por obstruir o trabalho dos agentes ambientais federais. As multas aplicadas aos motoristas somaram R$ 32.193,00. Os caminhões e a madeira foram recolhidos. Os motoristas foram conduzidos à Delegacia de Marcelândia para prestar esclarecimentos e, em seguida, liberados.

Segundo o coordenador da operação, Evandro Selva, ao observarem a presença do Ibama e dos policiais, houve um grande fluxo de pessoas para fora da cidade. “No dia seguinte, moradores de chácaras vizinhas vieram nos avisar que havia muita madeira abandonada nas chácaras”, relata Selva. Como ninguém se apresentou como responsável pelos 121,8 m3 em toras das essências itaúba, cambará e peroba, segundo cálculos do Ibama, a madeira foi doada para a Secretaria de Educação do município, que providencia a retirada das toras.

Na quinta-feira (18), começaram as inspeções nas empresas madeireiras de Marcelândia. Duas serrarias foram auditoradas pelo Ibama. Embora a documentação cadastral dessas empresas estivesse regular, nenhuma delas conseguiu provar a origem da madeira estocada nos pátios. Na primeira empresa, foram encontrados e apreendidos 770,808 metros cúbicos de madeira em toras e 454,724 metros cúbicos serrada. Na outra, 495,117 metros cúbico de madeira em toras. O total de multas lavradas ultrapassa R$ 549 mil. Levantamentos do Ibama indicam para a existência de cerca de 126 empresas do ramo madeireiro na região. Elas estão na mira da fiscalização. Porém, a ação também se estenderá para o campo com o fim de verificar 35 áreas indicadas com desmatadas pelas imagens de satélite, algumas localizadas próximas ao Parque Nacional do Xingu.

Marcelândia é a 19ª no ranking das cidades que mais desmatam no estado do Mato Grosso e integra a lista dos 36 municípios que são alvos prioritários das ações de combate ao desmatamento pelo Ibama. Em janeiro deste ano, a então ministra Marina Silva sobrevoôu o município e constatou pessoalmente o avanço da devastação da floresta. Seguindo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da área total de 12.292 km2 do município, já foram desmatados 3.221.5 desde 1988, quando começou o monitoramento via satélite pelo Prodes das áreas desmatadas, o que corresponde a 26% do município. No período 2006/2007, foram derrubados 79.5 km2.

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