O uso da inteligência dentro de um processo como mecanismo de gerar o suporte para o combate ao crime organizado, foi o principal enfoque no primeiro dia do “Seminário Crime Organizado & Fronteira Oeste” promovido pelo Poder Judiciário de Mato Grosso, por meio da Corregedoria-Geral da Justiça, no Fórum de Cuiabá. O corregedor, desembargador Orlando de Almeida Perri, na ocasião da abertura do evento, alertou que o crime é uma preocupação e responsabilidade de todos, mas poucos assumem essa responsabilidade para minimizar a situação. “O seminário é o momento de se discutir estratégias, não apenas para repreender, mas prevenir a presença desses grupos no Estado”, alertou.
O seminário reúne membros integrantes do Exército, Polícias Federal, Civil, Militar e Rodoviária Federal e da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Na avaliação dos participantes, a atitude inédita do Judiciário Estadual, em promover um seminário nesse nível, com autoridades experientes em várias áreas de atuação no combate ao crime organizado, é importante para promover a integração entre todos os envolvidos no combate à criminalidade, da forma mais simples a mais organizada.
O superintendente Regional da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Clarindo Ferreira da Silva, elogiou a iniciativa da Corregedoria. Para a autoridade, Mato Grosso é um dos poucos Estados onde as forças de segurança já atuam em conjunto. “Esperamos que o seminário seja início do fortalecimento das relações nessa luta de combate ao crime organizado”, afirmou.
A coordenadora do seminário, juíza auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça, Selma Rosane Santos Arruda lembrou que, apesar dos esforços, a maior dificuldade enfrentada pelo Estado nesse combate é o despreparo para o tema. “O crime organizado é uma ameaça viva, silenciosa, que precisa ser combatida com inteligência. É diferente combater o pequeno crime e o crime organizado. O crime organizado é uma sociedade de muita força e a lei deles não é como a nossa, funciona mais rápido”, consignou.
E para ressaltar esse trabalho em conjunto entre as autoridades estaduais e federais, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Gomes Curado Filho, lembrou que Mato Grosso tem histórico de combate ao crime organizado desde a Operação “Arca de Noé” (que culminou com várias prisões, entre elas do bicheiro João Arcanjo Ribeiro). “Ela só foi possível graças à integração dos serviços de inteligência, dos poderes, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Justiça”, relatou. Apesar disso, segundo o secretário, é preocupante o crescimento de apreensão de drogas a cada ano.
Dados da Polícia Federal apontam que nos nove meses deste ano, no Estado já foram apreendidas 3,7 toneladas de cocaína. Num único dia em Cuiabá, ainda segundo a PF, foi apreendida 1,2 tonelada da droga. Para a diretora geral da Polícia Civil, Thais Camarinho, o encontro é a oportunidade de atualização sobre os temas e reflexão sobre o modo de agir para combater o crime organizado. “O seminário vai atualizar os profissionais que atuam nessas áreas, por isso ele propicia resultados” afirmou.
O seminário também reúne profissionais técnicos, que lidam diretamente com os procedimentos de investigação, apuração e perícia. Para o perito criminal da Perícia Técnica do Estado (Politec), Zuilton Braz Marcelino, esse relacionamento das diversas áreas e a troca de experiência entre as unidades da federação contribuem para o processo. “O crime organizado está trabalhando, usa tecnologia, pessoal qualificado, e nós temos que estar qualificados para combatê-lo ou preveni-lo”, afirmou.
Seminário – O evento foi aberto com a palestra “Aspectos fundamentais no contexto amplo e abrangente de segurança”, proferida pelo coronel aviador Luiz César Albuquerque Cazarim, especializado em contra-espionagem. “A segurança é algo instintivo do ser humano. E possui aspectos fundamentais que não podem ser esquecidos sob pena de termos no resultado, a nossa eficiência minimizada”, afirmou. Nesta tarde a palestra está sendo proferida pelo promotor de Justiça e Secretário Executivo do Grupo de Atuação Especial de Controle da Atividade Policial de São Paulo, Márcio Sérgio Christino, acerca das semelhanças entre as organizações e a máfia.
O seminário Crime Organizado & Fronteira Oeste prossegue nesta sexta-feira (05/09) com palestras que abordarão temas como as organizações criminosas e delitos transnacionais; terrorismo e crime organizado. Para encerrar será abordado o tema sobre as organizações criminosas e o sistema prisional.