O tráfego na MT-170 sobre a ponte no rio Juruena, em Juína, foi liberado após reunião entre indígenas e autoridades. Segundo a prefeitura da cidade, as autoridades solicitaram a liberação da via para que as negociações continuassem e foram atendidos. O bloqueio foi mantido pelos índios durante cinco dias consecutivos, chegando a cobrar um “pedágio” de R$ 50 para os motoristas que quisessem passar.
Segundo a polícia, a cobrança ocorreu nas noites de segunda e terça-feira até as 12h do seguinte. A maior reclamação dos indígenas é a precariedade na assistência à saúde indígena. Os representantes da Funasa, Funai, Policia Federal, o superintendente de Políticas Indígenas de Mato Grosso, Rômulo Vandoni e o prefeito de Juina, Hilton Campos (PR), se reuniram com os índios hoje às 10h, na sede da Funai em Juína.
Os índios cobram a falta de atendimento e assistência de saúde nas aldeias, nos pólos de saúde e casas de saúde indígenas da região; cobram solução para suspender a construção das Hidrelétricas no alto Juruena; a compensação dos impactos causados pela Hidrelétrica construída na reserva dos povos Cinta Largas; pedem estudo de impacto ambiental e compensação dos prejuízos causados com a construção da Hidrelétrica Dardanelos em Aripuanã e querem que a prefeitura de Juina aplique diretamente nas aldeias 40% dos recursos do ICMS Ecológico.
“O congestionamento é pequeno na estrada porque os índios liberaram o tráfego em dois dias, além das pessoas saberem que ocorre o bloqueio e evitam transitar pela MT-170. Houve um acordo dos caminhoneiros com os índios em dois dias, no qual eles pagaram R$ 50 para saírem do bloqueio. Entretanto, eles fecharam novamente o trafego nesta quinta-feira e existe um descontentamento muito grande por parte dos caminhoneiros”, diz o comandante da PM em Juina, Luis Cláudio Monteiro.
O indígena Fernando Dywuru, da etnia Kybatsa, falou reclamou que ninguém tem o conhecimento do que ocorre com a saúde indígena e querem ser tratados com respeito. “A Funasa quer reduzir o teto do orçamento, quer reduzir funcionários, quer cortar os funcionários indígenas, querem municipalizar a saúde indígena e nós não aceitamos. O município não está preparado para tratar da saúde indígena. Nós não queremos confusão, preferimos o diálogo. Eles não nos atendem, mas quando chegam às eleições todos nos procuram”, reclama Fernando Dywuru.
Sobre a construção das usinas hidrelétricas, Dywuru salientou que irá causar um problema muito grave a construção das hidrelétricas no Alto Juruena e Dardanelos, em Aripuanã. “Irá causar um impacto muito grande na natureza e queremos acompanhar de perto. Numa delas, os povos indígenas reclamaram que um produto muito forte está sendo jogado na água, pois muitos índios estão passando mal”, reclamou.
Justiça determina retirada
Na segunda-feira, a juíza estadual Lidiane Pampado, determinou por meio de liminar que em 48h os índios deveriam desinterditar a rodovia e solicitou que a Policia Militar retirasse os indígenas. De acordo com o comandante da PM em Juina, eles aguardaram a oficialização da retirada dos indígenas pelo Comando Geral da PM em Cuiabá que não ocorreu. “Nós estamos fazendo o policiamento do local e auxiliamos a Policia Federal, mas não podemos retirar os índios, pois cabe a esfera federal e não estadual”, explicou Monteiro.
Para o indígena Fernando Dywuru, a juíza não foi humana e não procurou saber o que ocorria com os índios para conversar. “Somos tutelados por um órgão federal. A gente não quer brigar com ninguém. O que a juíza fez foi um desrespeito da justiça, os índios estão pacificamente e reivindicando um direito nosso que é a saúde”, diz, sobre a liminar da juíza.