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Amigos e parentes acompanham buscas às vítimas da tragédia com chalana em MT

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A cada pouso e decolagem dos helicópteros na pista de pouso do Hotel Sesc Pantanal, em Porto Cercado, é grande a movimentação e ansiedade de imprensa e familiares na expectativa de novas informações. Cerca de 80 km de rio separam a base em que estão instaladas as famílias e concentradas as informações da Marinha do Brasil do local onde ocorreu o naufrágio. O único contato entre as duas bases está sendo feito por intermédio dos helicópteros, que transportam equipamentos, mantimentos e pessoal.

O segundo dia de buscas às vítimas do naufrágio da chalana Semi Toa Toa, que afundou na madrugada de domingo (09) no rio Cuiabá, em Poconé, foi acompanhado por parentes e amigos das pessoas que estão desaparecidas. Ao amanhecer, os familiares do empresário José Luiz, 46 anos, já estavam acompanhando o reinício das buscas. A esposa com o terço na mão mostrava que alimentava a fé e a esperança. No decorrer do dia foram chegando mais familiares a procura de notícia.

Uma tragédia, assim define o diretor da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) e funcionário do Banco do Brasil, José Humberto Paes Carvalho, amigo do grupo. José Humberto que acompanha o trabalho de resgate desde o domingo de manhã, foi um dos primeiros a ser avisado pelo amigo Márcio Oliveira, um dos sobreviventes. Ele conta que também iria participar dessa pescaria, mas como havia chegado de um outro passeio na semana anterior resolveu adiar.

O grupo que se reúne na AABB para jogar bola se conhece e pesca junto há mais de 10 anos. “Quando acaba uma já começávamos a combinar a do ano seguinte”, diz. Ele acompanhou as reuniões de preparação e se emociona ao falar do momento em que foi informado do acidente. “O celular tocou por volta das seis e meia da manhã, eu atendi e o Márcio do outro lado da linha dizia: o barco virou e morreu gente”, fala entre choro.

Emoção e tristeza de quem sobreviveu à tragédia, por um lado o alívio por ter escapado da morte, por outro a dor de ver os amigos desaparecidos. O professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Alfredo Jorge, que mesmo sem saber nadar conseguiu sobreviver após segurar no mastro da chalana e ser salvo num dos barcos de alumínio (que seriam utilizados para a pescaria) também chora ao lembrar do momento do acidente. “Quando vimos a água subindo, foi muito rápido”.

Ele também chorou ao ver o corpo do amigo Luis Sérgio Scaderlai, conhecido como Serginho Fama, ser levado pelo carro do Instituto Médico Legal e recordou os preparativos da pescaria. “No sábado de manhã ele estava fazendo compras comigo e agora está aí indo embora morto”, lamentou o professor Alfredo. O corpo do empresário foi encontrado próximo a Fazenda Camaloti, a 10 km do local onde o barco afundou.

Dois tripulantes que sobreviveram, Joaquim e Admilton estão no local do acidente ajudando nas buscas, eles contam que na curva o barco inclinou, com isso entrou água e ao retomar a posição começou a perder o equilíbrio e em seguida afundou. Eles também relatam que o tempo não era bom e ventava muito na hora do acidente.

A família das duas cozinheiras, as únicas tripulantes que ainda estão desaparecidas, também enfrentam a angústia da espera por notícias. Gonçalina e Rosária faziam essa viagem pela primeira vez. As duas são de Poconé, no final do dia o marido de Rosária, Gaspar José da Silva, aguardava por alguma informação da esposa. Eles têm quatro filhos.

Admilton, que era colega de tripulação das cozinheiras, disse que as duas foram dormir após fazer o café e levar para os componentes da chalana, foi exatamente neste momento que ocorreu o naufrágio.

Entre os relatos constam histórias como a do dentista Osmair Freitas, que completou 45 anos no domingo (09). Osmair, como amante da pescaria, sempre teve o sonho de levar o pai, Dair José de Freitas, para acompanhá-lo num passeio como esse. Pela primeira vez os dois foram pescar juntos e estão entre os desaparecidos.

Um professor da Unicamp, de São Paulo, Antônio Carlos Boschiero, veio participar da pescaria no Pantanal, ele faz parte da lista dos sobreviventes. O grupo iria até Barra do Piquiri, próximo a Porto Jofre, na divisa com Mato Grosso do Sul e deveriam passar uma semana pescando.

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