A chalana Semi Toa-Toa afundou “em 30 segundos” após a explosão dos motores na casa de máquinas. O relato foi feito pelo professor Roberto Vilela, da Universidade Federal de Mato Grosso, um dos sobreviventes do naufrágio do barco, ocorrido na madrugada de domingo, na região de Porto Cercado, Pantanal de Mato Grosso. O professor concedeu uma entrevista à TV Centro América (Globo). Ao todo, 22 pessoas estavam na chalana. Dessas oito ainda estão desaparecidas. No meio da manhã, um corpo foi encontrado pelas equipes de busca.
“Acordei com um estrondo muito forte” – disse o professor. Ele explicou que esse estrondo foi provocado pela pane na casa de máquinas. O defeito nos motores se deu em função da embarcação, segundo o comandante, ingressar em um “rebojo”, uma espécie de redemoinho que se forma na flor d´água. O barco inclinou e entrou água na casa de máquinas, ocasionando o forte estrondo. “Com certeza, todos acordaram” – disse.
Vilela relatou que tudo foi muito rápido. Ele gritou com os amigos, que saíram de suas camas. No primeiro instante achou que o comandante havia dormido e que a embarcação estava à deriva e batido em alguma árvore. Logo em seguida, foram até a porta e perceberam a água entrando. O barco inclinado. Ele estava em companhia de outras três pessoas. Todas saíram do camarote. Ele mencionou na entrevista uma pessoa identificada como Pedro que não sabia nadar.
Junto com um colega da Universidade de Campinas, Vilela apontou para uma bóia. “Era a única coisa que a gente via, uma bóia de combustível boiando” – relatou, diante da escuridão e do pânico. Abaixo, encontrou outras pessoas também se apoiando em bóias. Minutos depois, foram resgatados por um barco pequeno, que estava acompanhando a chalana. “Os “piloteiros” conseguiram se salvar, gritei socorro e eles vieram até nós e nos resgataram e nos levaram até a margem” – relatou o professor.
Vilela disse que em pelo menos dois apartamentos não abriram suas portas – o que se supõe que as pessoas firam presas. “Não dava tempo para pegar nada. Foi tudo muito rápido” – acentuou. Ele também disse não ter conseguido ouvir nada de pedido de socorro. “Não sei se passaram a chave, se foram pegar algum material, vestir alguma roupa porque, se foram fazer isso, eles não conseguiram escapar” – disse.
A chalana havia deixado Porto Cercado por volta das 15 horas. Eles seguiram em direção ao Piquiri, um dos pesqueiros mais famosos da região. O naufrágio aconteceu por volta das 4 horas.
Entre os desaparecidos estão tripulantes e turistas, de um grupo que costumava se reunir nos fins de semana na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), em Cuiabá. Eles estavam na região para fazer uma pescaria. “Perdi grandes amigos” – disse, resignado. Segundo o professor, foi uma tragédia, já que a embarcação havia sido reformada. Segundo a Capitania dos Portos, a documentação estava toda regularidade e o Semi Toa-Toa estava com todos os equipamentos de segurança.
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