Um paciente morreu por falta de clínico geral plantonista e materiais de reanimação no Hospital e Pronto-Socorro de Cuiabá. O caminhoneiro José Garcia de Oliveira, 61, faleceu na Unidade de Observação Clínica após uma parada cardíaca. A morte foi documentada em um boletim de ocorrência feito por cirurgiões do box de emergência.
Garcia sofreu a parada cardíaca às 23h de quinta-feira (26). Por não haver médicos na unidade em que estava internado, os cirurgiões Alberto Bicudo Salomão e Valter Gouvea Júnior saíram do box de emergência para socorrer a vítima. No local, não havia o desfibrilador, aparelho de reanimação cardíaca.
Os médicos, então, retiraram um desfibrilador da emergência, que não funcionou. "O aparelho nem passava pela porta. Não tinha espaço porque a enfermaria estava lotada. E quando fomos ligar, não havia tomada que encaixasse", contou Salomão.
Os médicos tiveram que arrancar o pino que conecta o aparelho na tomada para tentar ligá-lo. Mas sem sucesso. O paciente faleceu às 23h30.
Os cirurgiões foram ao Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) do Verdão e registraram o BO 4282 atestando a falta de infraestrutura do pronto-socorro e a ausência de profissionais para o atendimento. "A equipe está incompleta. Não há clínico geral, só cirurgião", diz Salamão.
O box de emergência está sobrecarregado por causa da reforma, no entanto, o cirurgião aponta que não existe nenhum plano de contingência para aliviar a situação do ambiente. "Na questão salarial houve avanço, mas não na melhoria das condições de trabalho".
Estranho – O presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso, Luiz Carlos Alvarenga, disse desconhecer o caso. Ele não quis comentar a falta de pessoal e infraestrutura do PS, que foi uma das principais críticas dos médicos durante a paralisação que durou mais de 70 dias.
Outro lado – A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde disse que a direção do PS vai abrir uma sindicância para apurar de quem foi o erro.